sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Crítica | O Hobbit - A Desolação de Smaug: Mais ação e continuidade

por Victor Hugo Furtado

Depois da lentidão do primeiro capítulo da trilogia, A Desolação de Smaug, imprime muito mais ação e continuidade do que seu antecessor, sendo melhor e mais divertido.

Assim como na trilogia de O Senhor dos Anéis, Peter Jackson desenvolve e separa bem cada um dos núcleos propostos e é isso que o torna tão venerado pelos fiéis e por vezes ‘chatos’ fãs da mitologia de J.R.R. Tolkien.

O hobbit Bilbo Bolseiro (Martin Freeman), junto com o mago Gandalf (Ian McKellen), o anão Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage) e seus doze companheiros, deixam Carocha após os eventos do filme anterior.

Eles continuam a leste até a borda da Floresta das Trevas, onde eles encontram a transmorfo Beorn (Mikael Persbrandt). Gandalf sai antes que os outros entrem na Floresta, onde eles são atacados por aranhas gigantes e, com exceção de Bilbo, são capturados por elfos. Bilbo ajuda os anões a escaparem das masmorras dos elfos da Floresta e eles seguem o rio da floresta a Cidade do Lago, onde se encontram com o mestre da cidade, e Bard, um arqueiro e descendente do senhor original da Cidade de Dale. 



Junto com Peter Jackson, assinam o roteiro de maneira perfeita – não seria pra menos – Philippa Boyens e Guillermo del Toro, o roteiro explora bem o universo de Tolkien e evita situações de humor sem importância (certo, Homem de Ferro 3?).

Tudo na trama, por mais que bem trabalhada, torna-se figura menor diante do primeiro instante em que surge dragão Smaug, o Magnífico, que enche os olhos e move-se com peso e ameaça na voz de Benedict Cumberbatch, em um cenário totalmente curioso em meio ao ouro perdido.

Nesse meio tempo, Gandalf lidera o Conselho Branco para conduzir a necromancia de Dol Guldur. Gandalf entra em Dol Guldur, onde ele descobre a verdadeira identidade do Necromante (Benedict Cumberbatch). Os elfos da Floresta das Trevas, liderados pelo Rei Thranduil (Lee Pace) e seu filho, Legolas (Orlando Bloom), tem de lutar contra as invasões de orcs de Dol Guldur.

E é justamente quando depois da aparição de Smaug, que o filme parece correr mais rápido, pois cada cena faz o expectador reagir de maneira diferente. Acaba correndo tão rápido que logo, logo... Peter Jackson conseguiu criar o final mais instigante possível, deixando um “até mais” e deu! Acabou, era isso! Até dezembro de 2014, quando encontraremos O Hobbit – Lá e De Volta Outra Vez para conferir o resultado da empreitada, que tem tudo para se sair muito bem.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Figurino | Carrie: Nada surpreende

por Poly Gouvêa

Certo, admito que eu achei o filme muito bom. Admito também que eu não sou uma crítica, mas enfim, alcançou minhas expectativas, agora, o figurino deixou a desejar. Sim, Carrie é a menina estranha, o total oposto do que seria popular, todos sabemos, mas não precisava vestir a garota como uma fazendeira de filme dos anos 1960. 
O figurino de “Carrie, a Estranha” pode ser observado de duas maneiras. Primeiramente, retrata o período no qual desenrola-se a história, principalmente o ambiente escolar e seus diversos grupos. Em uma segunda análise, o vestuário serve para separar visualmente a protagonista do restante dos colegas de escola e aproximá-la do conservadorismo religioso imposto pela mãe.


Enfim, esse conservadorismo poderia ter sido abordado de outra forma. Nem o vestido do baile (o mais importante do filme todo), teve o glamour de matança descontrolada que deveria ter. Surpreendente foi a transformação da Julianne Moore, envelheceram a mulher uns 20 anos!! O que casou super bem com as roupas escuras 2 tamanhos maiores que o dela, e com o  cabelo vassoura.

No geral, foi tudo simples demais. Não muito diferente dos outros trabalhos de Luis Sequeira (Mama, O Enigma de Outro Mundo), ou seja, filmes de terror, que também deixam a desejar. 

Ah, e não posso esquecer de comentar isso (porque no cinema eu falei umas 30 vezes). O que acontece com o cabelo da Carrie?! Ele vai de "saindo do furacão" pra "saindo do salão" em 5 segundos. Queria que a vida real fosse assim também.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Crítica | Carrie: Sem propósito

por Victor Hugo Furtado

A queridinha do momento, Chloë Grace Moretz, faz Carrie White, uma garota de uma cidade pequena que sofre bullying dos colegas de sala e é atormentada por uma mãe fanática religiosa interpretada de uma maneira bem peculiar por Julianne Moore.

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Figurino | Carrie: Nada surpreende, por Poly Gouvêa 

Fruto de uma gravidez indesejada pela mãe, considerada por esta um ato de pecado, Carrie tem seus desejos reprimidos e vive enclausurada em casa num “closet” embaixo da escada. Lá, é obrigada a rezar pelos pecados que ainda não cometeu.

Estabelecidos os sentimentos, a personagem começa a descobrir seu dom de telecinése, quando começa a mover e controlar objetos com a força da mente. Com essa descoberta, não resta muito tempo até que sua vingança contra todos ao seu redor ecloda.

O filme consegue ser, diante dessa excelente premissa, um exemplo de mau aproveitamento de um argumento. O roteiro não consegue construir suas duas principais personagens de maneira fiel, sempre as levando a diálogos que colocam em constrangimento as duas atrizes principais.

Chloë Moretz e Julianne Moore, que são realmente duas grandes atrizes, estão visivelmente desencontradas em seus papéis, forçando atuações que levam o espectador a rir em momentos em que o filme parece querer se mostrar uma paródia.

É já no seu final que ocorre uma quebra de tom na narrativa, quando Carrie White se revolta com todos e começa a descarregar a sua ira. Nesse momento o filme ganha um novo ritmo, nova personalidade e consegue corresponder um pouco com as expectativas, mas não o suficiente para se comparar com os filmes anteriores, e menos ainda, ao clássico de De Palma.

Toda releitura é bem vinda, ainda mais de clássicos como os de Sthephen King, porém a grande verdade é que não se percebe a necessidade desse remake. Talvez a melhor “desculpa” seja a de adaptar um grande clássico para a linguagem contemporânea, com atores novos, com músicas novas e a tecnologia em foco.

Carrie (2013) termina por passar um olhar consideravelmente superficial diante de uma verdadeira obra de arte que nem todos conseguem compreender, menos ainda, adaptá-la.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Crítica | Jogos Vorazes - Em Chamas: Mais maduro, menos violento

por Dáphine Ponte

Olá, Cinéfilos Mecânicos! Tudo certo? O filme que vou falar desta vez (um pouco atrasada) é a segunda parte da saga baseada nos livros de Suzane Collins: Em Chamas. Dirigido por Francis Lawrence, antes diretor de videoclipes de artistas como Beyoncé e Lady Gaga, estreou na direção em Constantine (2005) e foi o realizador de filmes de sucesso de bilheteria como Eu sou a lenda (2007) e Água para Elefantes (2011).

Depois que Gary Ross afirmou não ter tempo de realizar e escrever a sequência de Jogos Vorazes, Lawrence assumiu e abraçou as críticas feitas à Ross, que apresentou ao público os jogos sem explicar as motivações políticas que fez a Capital criá-los no primeiro filme da saga. Nesta trama nós temos uma visão ampliada da narrativa, exibindo os problemas dos demais distritos, como a fome e a miséria, e o tratamento escravo a que a população é exposta e vemos um Presidente Snow (Donald Sutherland) mais atuante nas manobras para controlar Panem.

Em Chamas se inicia com as novas vidas do casal de amantes desafortunados, Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) e Peeta Mellark (Josh Hutcherson), que passam a morar luxuosamente na área dos campeões no Distrito 12 após vencerem a 74ª edição dos Jogos Vorazes, enquanto o restante da população vive na mais completa miséria.

Ao mesmo tempo que moram em casas confortáveis, Katniss e Peeta têm suas vidas vigiadas, como se fosse uma extensão do reality show, para que a Capital possa vender a ideia de que os dois se amam verdadeiramente e consequentemente, sirva de distração para Panem, como afirma Snow. Ao mesmo tempo em que mantem o romance de fachada com Peeta, Katniss vê seu amigo de infância, Gale Hawthorne (Liam Hemsworth) lhe expor seus sentimentos.

Durante a Turnê da Vitória, uma série de viagens pelos Distritos de Panem, Katniss e Peeta têm de fazer discursos exaltando os Tributos que foram mortos. Enquanto que a Capital, alienada, ainda cai no conto do casal de amantes desafortunados que quase se mataram por um amor tal qual Romeu e Julieta, o restante da população vê o ato de Katniss e Peeta como um ato de rebeldia e se torna o estopim para uma revolta de uma maioria que quer melhores condições de vida.

Em meio aos protestos da população, Katniss tem a ideia de forjar um noivado com Peeta para ainda servir de distração para o povo de Panem, mas o Presidente Snow ainda acha que não é suficiente devido ao aumento de rebeliões nos Distritos. Ao voltar para o Distrito 12, um novo contingente de Pacificadores, mais agressivos, é destacado para manter a ordem.

E, para controlar de vez a população, Snow junto ao novo idealizador dos Jogos Vorazes, Plutarch Heavensbee (Phillip Seymour Hoffman), substituindo Seneca Crane, lança o Massacre Quaternário, evento realizado a cada 25 anos com 24 vencedores dos Distritos. Como é a única vencedora feminina do Distrito 12, Katniss é enviada, e, quando Haymitch é sorteado como o tributo masculino, Peeta se voluntaria para ir em seu lugar. Durante o treinamento, Katniss e Peeta conhecem os antigos vencedores dos Jogos Vorazes, como o galã Finnick Odair do Distrito 4, interpretado pelo inglês Sam Claffin, e a raivosa Johanna Mason (Jena Malone) do Distrito 7.

No início do Massacre, os jogadores são levados a uma arena que é composta por praia e floresta, sendo repleta de campos de força. Em cada hora do dia, os idealizadores atacam os jogadores em partes diferentes, seja por névoa que causa feridas e mata quem a toca ou babuínos.

E assim, Em Chamas mostra a complexidade por trás dos conflitos, apresentando uma trama mais amadurecida, com personagens ainda pouco desenvolvidos, como no caso da mãe de Katniss, que apareceu muito pouco na trama e deveria se mostrar menos alienada. Esteve ainda menos violento que o anterior, mesmo que tenha cenas consideradas mais pesadas para uma trama juvenil, como a cena em que Gale é açoitado em praça pública pelos Pacificadores e a matança durante o Massacre Quaternário.

A trama, ainda, não pareceu dar tanto destaque ao triângulo amoroso formado por Gale, Katniss e Peeta. A protagonista não parece estar dividida entre os dois garotos. É como se apenas ela aproveitasse para tirar uma casquinha dos dois e quase no final do filme, Katniss simplesmente decide ficar com Peeta. Ainda assim, estes demonstraram possuir maior entrosamento e química do que no filme anterior, fazendo com que se tenha a torcida para que o casal de amantes desafortunados fiquem juntos.

Em Chamas ainda abriu espaço para novos conflitos e revelações, como a confirmação da existência do Distrito 13, que tentou se rebelar contra a Capital, onde, aos poucos, irá acarretar uma nova guerra entre a população e o governo nas duas sequências que virão em 2014 e em 2015.


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Crítica | Capitão Philips: Tensão e objetivo

Por Victor Hugo Furtado

Pra quem viu o trailer e não apostou em mais um thriller hollywoodiano, repense, Capitão Philips (2013) superou as expectativas, e não seria pra menos, afinal Tom Hanks sempre é motivo de uma atenção detalhada. 

O cineasta britânico Paul Greengrass, que eu confesso não ser fã, nos obriga a salientar sua inegável capacidade de prender o expectador com sua mania de manter a câmera sempre em movimento para transmitir um maior nervosismo e constante busca pelo realismo das situações, e no final, ele consegue.

Com estrutura semelhante a Voo United 93 (2005), a trama é adaptada de A Captain's Duty, livro escrito pelo Capitão americano Richard Phillips, que em 2009 teve seu cargueiro, o Maersk Alabama, sequestrado por piratas somalis.

Greengrass, ao lado de seu roteirista Billy Ray, se abstém de diálogos por vezes chatos nesse tipo de filme, e já começa na tensão, pois não demoram 20 minutos para que percebamos a agonia do protagonista, que parece adivinhar o pior.

Os diálogos que se estabelecem, cativam o expectador, pois se concentra nos olhares do ápices do filme e da abordagem dos piratas, um verdadeiro duelo entre Phillips e Muse, o “capitão” da emboscada. 

Ali estão os dois líderes de seu grupo, ambos descobrindo a melhor forma de lidar com a situação em que estão envolvidos e, acima de tudo, tentando entender o “adversário”. Nesse sentido, as poucas informações sobre o passado dos personagens funcionam de modo certeiro, repassando essa dúvida também para a plateia.

Os realizadores brincam de jogar xadrez na dinâmica entre Phillips e Muse – ou, mais precisamente, entre Hanks e Abdi – acaba se tornando um dos pontos altos do filme. Capitão Philips é um bom exemplo de como fazer filmes pseudo-biográficos, aqueles que contam somente um capítulo da vida de um sujeito, e com perfeição, diga-se de passagem.

O longa consegue fugir do ideal americano, apresentando aquele velho clichê: “Calma, o Tio Sam vem aí e o bicho vai pegar”, e sim, apresenta os EUA de maneira um tanto quanto crível, coisa que 80% dos filmes produzidos em hollywood não conseguem.

O tais fuzileiros navais, que são conhecidos na terra dos yankees como a classe mais alta de um poderio físico humano, cansa de cometer erros ao longo do filme, e acabam por obter êxito, com o comandante que atende por, pasmem, “Castellano”, se é? Bom, aí não sei.

De fato, Capitão Philips é uma ótima pedida pra quem gosta de filmes objetivos e sem muitos diálogos, divirtam-se!


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Crítica | Thor - O Mundo Sombrio: Ação competente

Por Victor Hugo Furtado

Com boa divisão de núcleos, revisão de proposta e uma cara tragicômica, Thor: O Mundo Sombrio se redime da não tão querida empreitada que levou o personagem lendário da Marvel, criado por Jack Kirby e Stan Lee, para o cinema em 2011.

Com Alan Taylor – diretor do pop Game of Thrones - no comando, a continuação de Thor consegue convencer bem o expectador e agradar uma grande parcela dos fãs das HQ’s, principalmente, em função da boa bifurcação de eixos, - coisa que Homem de Ferro 3 não conseguiu - pois em Thor: O Mundo Sombrio, o grande exagero de alívios cômicos não compromete o enredo, porque se concentra em personagens específicos.



Com tom de família Shakespeariana, é um dos blockbusters com mais cenas de ação interessantes nessa fase dois da Marvel nas telonas, um mundo melhor explorado e que por boa parte de sua duração segue um caminho óbvio, mas vale citar também que de vez em quando o roteiro contraria as expectativas do público, o que chega a ser surpreendente.

É um filme de ação e aventura competente no que se propõe, também no aspecto técnico, que resgata um pouco o ar de filmes de heróis dos anos 80, com luz, fumaça, cores vibrantes e o típico atleticismo eternizado nos filmes de Bruce Lee .

Ah! e claro, pra quem ainda não aprendeu a lição, fique sentado na poltrona até o fim dos créditos. Até o fim mesmo.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Crítica | Diana: Naomi Watts sai isenta

por Victor Hugo Furtado

Em Diana, o também diretor do polêmico A Queda (2004), Oliver Hirschbiegel, se dá gratuitamente à ingrata missão de adaptar para o cinema o mais romântico do que biográfico livro, Diana: Her Last Love, no mais novo longa que remexe parte do contexto histórico e influente da monarquia britânica.

Mesmo com uma performance interessante de Naomi Watts, a proposta não ajuda, Diana narra os acontecimentos que cercaram os dois últimos anos da vida da mulher mais famosa do séc. XX e uma das mulheres mais famosas da história mundial moderna, basicamente desde sua separação até sua morte. 

Acompanhamos Diana já separada do Príncipe Charles, após sua indiscrição no caso extraconjugal com Camilla Parker. Ainda morando numa ala do Palácio de Buckingham, Diana é o retrato da falta de dignidade, até conhecer e se apaixonar perdidamente pelo cirurgião paquistanês Dr. Hasnat Kahn, interpretado por Naveen Andrews, da série Lost. Que estranhamente não parece nem um pouco agradável para cativar o amor de uma então Princesa. 
 

Mesmo pecando em não citar a talvez mais íntima das amigas da princesa, Lucia Flecha de Lima, ainda hoje esposa do diplomata brasileiro, Paulo Tarso Flecha de Lima, a proposta de Diana é desmistificar a figura frágil, e mostrar a mulher por trás da fachada irretocável de Lady Di, que necessita de um ombro amigo, de carinho e atenção, no qual o filme ganha uma estrelinha. 
 
A começar pelo grande afeto da protagonista pelo homem que escolheria para substituir seu casamento fracassado. O “maior abandonado” e cheio de vícios (como cigarros, bebida e fast food), parece viver exclusivamente para si mesmo, e para seu trabalho, não conseguindo suportar a pressão de se relacionar com uma figura pública. 

Esse é o assunto principal de Diana, o romance com o médico, fato que de certa maneira diminui a importância da pseudo-biografia da lendária Princesa. Afinal esperamos um aspecto mais grandioso de sua vida do que pequenos relacionamentos, mesmo que caracterizados como “o maior amor da vida”.

Diana é um filme correto, mas no máximo bom e que não é elevado além de qualquer outro filme. Dados seus problemas de roteiro, Naomi Watts sai isenta de um longa que não agradou a todos. Mesmo não sendo o exemplo de sósia da “princesa do povo”, Watts consegue simular trejeitos, expressões peculiares e se sair bem naquilo que é mais criticado em filmes USA/ENG, o sotaque. 

Pra quem simpatiza com a figura mítica da princesa, responsável por criar um elo eterno da então poderosa monarquia intocável com as mãos literalmente palpáveis da plebe, Diana é um bom filme a ser visto, até por uma questão de conhecimento.

sábado, 12 de outubro de 2013

Crítica | Gravidade: A imensidão silenciosa do universo

por Victor Hugo Furtado

Exibido nos festivais de Veneza (Itália) e Toronto (Canadá) neste ano, não é difícil entender o porquê do sucesso de crítica e bilheteria de Gravidade, que aliado a tecnologia IMAX, proporciona uma experiência semelhante à de Star Trek – Into Darkness (2013), tirando o expectador da poltrona sempre que possível.

Fazendo trabalhos de praxe, os astronautas Dra. Ryan (Sandra Bullock) e Matt Kowalski (George Clooney) são avisados de que a colisão de um míssil e um telescópio russo gerou uma onda de destroços na atmosfera, os astronautas se apressam para retornar à nave, sem tempo, não obtêm êxito.

É desse momento em diante, que o maior vilão do filme se apresenta aos personagens, a imensidão silenciosa do universo, que se coloca como antagonista daí por diante. Lançada à deriva, Sandra Bullock encarna o desespero de sua personagem com perfeição, girando pelo infinito sem controle do corpo e sem ter ao que agarrar-se.

Com ela, quem gira também somos nós, que auxiliados pelo efeito 3D-IMAX, sentimos a distância da Terra, vista do espaço. Por mais que a situação seja desastrosa, recheado de planos sequência e seguidos sustos, a câmera se torna amiga do silêncio espacial para vagarosamente adentrar o capacete da astronauta e mostrar sua visão. 

Escrito por pelo talentoso diretor mexicano, Alfonso Cuarón, junto ao seu filho Jonás, tem roteiro justo, fazendo uso de uma história que talvez engane os leigos por se tratar de uma trama “espacial”, se caracterizando como mais simples impossível  ilustrando um comparativo da relação ser humano com o que ele mais teme, a solidão e a falta de respostas.

Com ótimas cenas, e um papel digno de uma grande atriz, o filme prende o expectador, não cardíaco, por mais de uma hora e meia, com apenas uma personagem e sua mente fantasiosa e reprimida por traumas, sem cansá-lo. Gravidade é mais um dos ótimos filmes que tem o espaço como zona de conforto nesse ano de 2013, e também mais um filme, que arranca os nervos apaixonados pelo cinema. 

sábado, 5 de outubro de 2013

Mecânica Clássica | O Gabinete do Dr. Caligari: loucura e charlatanice

por Dáphine Ponte

O expressionismo alemão foi um estilo cinematográfico que surgiu nos anos 1920, sendo caracterizado pelas distorções em seus cenários e personagens, através da maquiagem e da fotografia.

Alcançou seu auge com o suspense O gabinete do Dr. Caligari / Das Cabinet des Dr. Caligari (1920), do cineasta alemão Robert Wiene. O filme se inicia com dois homens conversando em um ambiente obscuro, parecendo uma floresta. Um deles, o mais velho, fala que perdeu a família e o lar onde morava.

O outro, que se chama Francis, diz que tem uma história pior. A partir daí, começa a narração do homem em forma de flashback. O lugar se chama Hostenwall e vemos um velho, Dr. Caligari, ir à administração, pedir autorização para apresentar seu show na feira da vila, com Cesare, a quem afirma estar dormindo por 23 anos. O homem que atende Dr. Caligari é rude com este e pede para outro funcionário atendê-lo.

Antes de a feira se iniciar, Dr. Caligari divulga seu show aos moradores da vila, afirmando que Cesare é um sonâmbulo que prevê o futuro e convida a todos para assistirem a apresentação. À noite, o funcionário que destratou Caligari é encontrado morto pela polícia.

No dia do show, Francis e seu amigo Alan comparecem à apresentação do Dr. Caligari. Alan pergunta a Cesare quando será a sua morte. Este responde que Alan irá viver apenas até a manhã seguinte. Na manhã seguinte, uma vizinha conta a Francis que seu amigo morreu e com isso, passa a investigar os assassinatos.

Quando Cesare tenta matar a paixão platônica de Francis, Jane, este descobre que o Dr. Caligari mantém Cesare sob estado de hipnose, fazendo-o cometer os assassinatos. Após a descoberta, Dr. Caligari é internado em um hospital psiquiátrico até a morte.

Volta à cena inicial com Francis terminando de contar a história. Os dois saem andando e chegam até ao pátio do hospital psiquiátrico que foi mostrado. Pode-se ver Cesare e Jane como internos do sanatório e logo depois, aparece o Dr. Caligari, que na verdade, é o diretor da instituição. Francis surta ao vê-lo e os enfermeiros o colocam em sua cela, mostrando quem realmente está doente e que toda aquela situação foi fruto de desordem mental. 

Pode-se perceber claramente na trama, as características do expressionismo alemão, como os cenários da vila e do sanatório distorcidos, como se fossem cenários de sonhos ruins. Há personagens caricatos, como o Dr. Caligari e Cesare. A maquiagem, principalmente na região dos olhos, também ajuda a enfatizar as expressões faciais das personagens em momentos de tensão. E a trilha sonora contribui ainda mais para tornar a atmosfera do filme mais densa e assustadora.

Confesso que deveria ter visto esse O gabinete do Dr. Caligari há mais tempo, mas não sou muito fã de filmes de terror. Fico apavorada em diversas cenas, mas com este filme foi diferente. Com o desenrolar da trama, eu estava intrigada com o que poderia acontecer se Cesare iria cometer mais assassinatos a mando de Dr. Caligari ou denunciá-lo pelo que fez.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Crítica | O Tempo e o Vento: Foi um choque

por Victor Hugo Furtado

Foi um choque. Foi a uma sessão que eu gostei de denominar como: “A Sessão da primeira Vez”. Ao entrar na sala de cinema por volta das 16h30min – em cima da hora porque Elysium atrasou – e pela primeira vez, ver a sala completamente LOTADA em uma sessão de filme nacional que não se tratava de comédia, muito pelo contrário, de um drama com legítimas facadas no peito de qualquer gaúcho que nutre um pouquinho de amor pelo seu estado.

Quem tem por hábito ir ao cinema com frequência, entende quando eu digo que percebemos de longe no rosto do cidadão, quando ele está indo pela primeira vez. Mas de novo, pela primeira vez eu vi tantas pessoas indo pela primeira vez no cinema.

Como tradicionalmente nos dias 20 de setembro, as manhãs pertencem aos desfiles farroupilhas, todos devidamente trajados, a maioria nem passou em casa para trocar de roupa.

O que deu ares de sessão de estreia de franquias como Star Trek e Star Wars em qualquer cinema de esquina nos EUA, porque 95% da sala de cinema estava, como em bom gauchês, rigorosamente “pilchada”, nivelando com a San Diego Comic-Con.

E não somente contentes em estar trajados, ainda cheiravam a churrasco, e mais! por volta de 77,6% das poltronas possuía seu próprio mate, o que transformou a sala de cinema na maior roda de chimarrão que eu vi na minha vida.

Em menos de cinco minutos naquele espaço, eu já esperava grandes feitos na tela e diversas pontadas no coração. Como falar de um longa que te faz chorar não menos que dez vezes ao longo da exibição? Foi a primeira vez que eu não quis ser gaúcho, pra então ter a oportunidade de ver esse filme como qualquer outro, que nitidamente sofre com problemas de planos e figurinos repetidos, mas que se tornam figuras menores em meio ao contexto.

Ao estilo Monjardim, a história romântica, de paisagens invejáveis e atores de um calibre único, transcorre ao natural na voz de Bibiana (Fernanda Montenegro). Com fidelidade a obra de Erico Veríssimo, a saga dos Terra-Cambará funciona mais do que bem nas duas horas de sessão. E o roteiro, que ficou com os gaúchos Tabajara Ruas ("Netto Perde Sua Alma") e Leticia Wierzchowski ("A Casa das Sete Mulheres"), saiu melhor do que o esperado.

Thiago Lacerda está não menos do que perfeito como Capitão Rodrigo, que em cada sorriso arranca olhares e suspiros, encarnando o que Érico Veríssimo sempre quis, transformar o estado do Rio Grande do Sul em uma pessoa, de múltiplas funções, muitas faces, mas acima de tudo um ser humano, pois possui por predominância, defeitos. As sequencias em que contracena com Fernanda Montenegro são emocionantes.

Muito bem caracterizado e "Juvenalizado", está o ator Cris Pereira, mais conhecido nas redondezas pelo personagem, Jorge da Borracharia, que diga-se, pois é pouco lembrado, é o primeiro habitante de Santa Fé, a simpatizar e ver um homem bom e acima de tudo, um amigo no então desconhecido forasteiro Rodrigo Cambará, mesmo antes de sua irmã Bibiana.

Também estão no elenco, nomes como: Cesar Troncoso e Cléo Pires, além dos gaúchos Zé Adão Barbosa, Elisa Volpatto e Leonardo Machado. O premiado Marat Descartes (Kikito de Melhor Ator no Festival de Gramado 2012 por "Super Nada") faz o papel de Licurgo. Questões como honra e paixão perpassam toda a trama. É um drama de personagens marcantes e diálogos afiados.

O Tempo e o Vento estréia na próxima sexta, dia 27, em todo o Brasil, deve ser visto pelo brasileiro, pois se trata de um dos maiores clássico da literatura brasileira. E obrigatoriamente deve ser visto por gaúchos, tanto prós-cultura gaúcha, tanto contras, pois o Tempo e o Vento é fiel ao contar a história do estado mesmo dadas as proporções de uma paixão.

A grande verdade é que O Tempo e o Vento de Jayme Monjardim é um legítimo chute na cara – ao melhor estilo Rodrigo Cambará - de nós, críticos, desmistificadores e pesquisadores que tentam desde os primórdios, entender o porque desse amor inexplicável por uma guerra que a maioria não sabe em porque começou.

E o pior, é que esse amor, nítido em cada lágrima, de cada idoso, de cada criança, na saída daquela sessão, obviamente ainda vai piorar e aumentar a cada década, a cada século, como a própria Bibiana Terra diz, enquanto o vento levar o tempo.


Crítica | Elysium: Efeitos dinâmicos e bem aplicados

por Victor Hugo Furtado

Não podemos negar que a grande expectativa girava em torno de Wagner Moura, e de todas as formas possíveis, ele correspondeu, como bem disseram os demais atores, debutando com louvores.

Blomkamp tem se mostrado um dos diretores que melhor conseguem manter por mais de uma hora as suas ilusões futurísticas, sustentado a realidade em que vivemos, mesmo se valendo das fórmulas batidas.

Em Elysium, ele volta a fazer uma obra extremamente politizada, como em seu primeiro longa, Distrito 9, em que a injusta divisão entre as classes sociais serve de base para a história.

Essa separação, porém, é mais visível neste segundo filme, que retrata uma Terra totalmente devastada e habitada somente pelas classes mais pobres e a escória social, como o órfão e ex-presidiário Max da Costa (Matt Damon), operário de uma grande corporação que fabrica os robôs que atuam como policiais no planeta, que acabam por cruzar seu caminho diversas vezes.

Com roteiro simples, e enredo rápido objetivo de cada personagem, sem se aprofundar muito nos conflitos, alguns flashbacks do protagonista descobre-se que ele era um errante desde criança, mas com uma predestinação clichê hollyoodiana, para mudar o mundo, que funciona.



Seu primeiro amor daquela época já é mãe (Alice Braga) que também é representante brasileira no longa. Wagner Moura faz um dos melhores personagens do filme, o expert em tecnologia, Spider, que sabe como fazer Max chegar até o seu objetivo, porque vive como um explorador da esperança dos cidadãos, que almejam dias melhores em Elysium.

Uma espécie de coiote do futuro. Completam o time o ator Sharlto Copley, que volta a trabalhar com o diretor, e ainda William Fichtner e Diego Luna, outro da "cota" latina.

Com efeitos dinâmicos e bem aplicados, o visual é impactante, algo que o cineasta já tinha conseguido fazer. E assim, seguindo sua "tradição", as imagens do paraíso, da desolação, os robôs, naves, veículos, tiros e combates corpo a corpo estão a seguem ao natural, sem cair na “necessidade” de algumas produções do gênero em mostrar de mais.

Com o talento talvez desconhecido de Neil Bloomkamp, o longa de sci-fi Elysium entra na lista dos melhores do gênero em 2013, vale a pena conferir esse ótimo longa de ficção científica.

sábado, 17 de agosto de 2013

Crítica | “Cine Holliúdy”: Jeito irreverente do cearense de contar a paixão pelo cinema

por Dáphine Ponte

Olá, Cinéfilos! O filme que vou falar nesse post é a mais nova sensação do cinema cearense: Cine Holliúdy. Em sua primeira semana de estreia nos cinemas de Fortaleza e do interior do estado, o filme teve a 8ª maior bilheteria do país (foram distribuídas apenas nove cópias), e bateu a marca de Wolverine – Imortal, levando quase 40 mil pessoas ao cinema.

Cine Holliúdy foi inspirado no curta-metragem Cine Holliúdy – O astista contra o caba do mal do mesmo cineasta, o cearense Halder Gomes, que coproduziu o filme Bezerra de Menezes – O diário de um espírito (2008) e dirigiu As mães de Chico Xavier (2011).

É o primeiro filme brasileiro a ter legendas em português, pois é falado em cearês, contendo expressões bem típicas da terra, como “fulerage” que significa algo que não presta, “Do tempo que o King Kong era soim” que quer dizer que algo é muito antigo e “Caba” que é a mesma coisa que sujeito.

Considerado o “Cinema Paradiso” do Ceará, a trama se passa na cidade de Pacatuba, durante a década de 1970, retratando as exibições mambembes de cinema pela figura do personagem principal que tem o nome bem ao estilo cearense, o sonhador e brincalhão Francisgleydisson (interpretado pelo ator e instrutor de artes marciais cearense, Edmilson Filho) e sua família representada bondosa e valente esposa, Maria das Graças, vivida pela atriz Miriam Freeland, e Francisgleydisson Filho, seu pequeno filho de mente fértil e que acredita em tudo o que pai diz.



O trio parte da cidade de Parambu para Pacatuba a fim de ter sucesso com a abertura de uma sala de cinema na cidade, em uma época que se começava a popularização da TV. Quando chegam à cidade, vem as dificuldades como nas outras vezes que tentaram exibir filmes nas outras cidades.

Porém, Francisgleydisson consegue reverter a situação a seu favor e constrói sua sala de cinema, que tem o mesmo nome do filme, para a primeira exibição de um filme asiático, fazendo com que todos os moradores da cidade compareçam, como prefeito e a primeira-dama, o cego bruto (vivido pelo comediante Falcão) e o menino Valdisney (a escrita correta é Walt Disney) que tem paixão por cinema.

Cine Holliúdy faz alusão aos clássicos do gênero de artes marciais. Isso não está presente apenas nos filmes exibidos no Cine Holliúdy, mas também na imaginação das crianças Francisgleydisson Filho e Valdisney, que vivem imersos em uma fantasia regada a kung-fu.

Percebe-se que, em muitos dos cenários, há a predominância da cor azul, seja nas casas dos moradores, no gabinete do prefeito ou no Cine Holliúdy. Também pode ser percebido a presença de vários objetos que indiquem a época da trama, desde as roupas dos personagens, como as camisas de estampas extravagantes, as calças boca-de-sino que os homens usam às garrafas do antigo refrigerante Crush e aos carros que aparecem em cena. Até a trilha sonora contém músicas de artistas famosos na época como Odair José e Márcio Greyck.

Assisti ao filme esta semana nos cinemas e posso dizer que gostei muito e achei a trama leve, divertida, fazendo com que todos riam, do começo ao fim, seja pelo vasto vocabulário cearês ou pelas situações em que os personagens se encontram. Recomendo a toda a família!

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Crítica | Flores Raras: Tropeços não conseguem estragar esta incrível obra de Barreto

por Victor Hugo Furtado

Adaptado do livro de Carmem Lucia de Oliveira, Flores Raras e Banalíssimas, e dirigido pelo grande cineasta brasileiro Bruno Barreto, Flores Raras conta o romance baseado em uma história real, da arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares, interpretada pela atriz que dispensa apresentação, Gloria Pires, com a famosa poetisa norte-americana Elizabeth Bishop, interpretada pela famosa atriz australiana, Miranda Otto.

Elizabeth Bishop foi uma recatada poetisa americana, que acumulou prêmios - entre eles o Pulitzer - e reconhecimento do público e da crítica e que passou um marcante período da sua vida no Brasil. É justamente durante essa época, que se passa o filme.

A obra de Barreto se propõe então, mostrar o processo criativo das "artistas", bem como as cenas onde seus trabalhos mais famosos são apresentados ainda em formação, mas o roteiro estabelece um prelúdio inicial, a escritora se sente incompleta, “um poema inacabado” como bem diz.

Então, decide ir visitar a amiga de faculdade, em busca de novos ares e alguma fonte de alegria que perdeu com o tempo. É no inspirador cenário de Petrópolis, Rio de Janeiro, que ela conhece Lota, uma arquiteta autodidata que comanda com pulso firme os seus funcionários e mulher por quem Elizabeth logo se apaixona.



Flores Raras tem em sua síntese duas intenções. A primeira, e mais óbvia, é a de contar a história de amor homossexual entre duas mulheres e nesse aspecto o filme se sai bem. A segunda, e igualmente interessante, é a forma como o roteiro usa os períodos da história de amor para traçar um paralelo sobre a visão estrangeira do Brasil, que sofria dos anos de promessas de um futuro brilhante.

Desenvolvendo as personagens de forma tranquila e apaixonante, a ponto de nos fazer sentir como se conhecêssemos estas mulheres há anos, é fácil escolher adjetivos para descrevê-las. Elizabeth, que sofre de todos os negativismo existentes, encontra em Lota seu porto seguro, pois a arquiteta é forte, decidida, dominadora e independente, evidenciando um relacionamento entre elas, ao mesmo tempo, improvável e inevitável e real.

Distinguindo-se fortemente em relação a suas personalidades, a capacidade que cada uma tem de enfrentar perdas se mostra surpreendentemente diferente do que seria de se esperar. Aquela que é se mostra forte, cai por terra, enquanto aquela que mal consegue enfrentar o dia a dia, fica de pé.

Para que estas complexas personagens criem vida nas telas, o filme conta com atuações maravilhosas de Gloria Pires e Miranda Otto, que se entregam a seus papéis. A fotografia e o figurino do filme também são de se admirar ao nos transportar para o Rio e a Nova Iorque dos anos dourados.

Sim, o filme, também apresenta seus tropeços. Há algumas incongruências históricas, já que há trabalhos de Lota pelos quais, no filme, temos a impressão de ela ter sido a única responsável, quando, na verdade, sabemos que ela foi apenas co-realizadora.

Porém, estes pequenos deslizes não são nada que possa estragar esta incrível obra de Bruno Barreto. Desde já um de seus melhores trabalhos, contando com performances que ainda devem render muitos prêmios a suas protagonistas. Vale a pena conferir.

sábado, 10 de agosto de 2013

Crítica | Círculo de Fogo: Referências saltam aos olhos levando o nerd à loucura

por Victor Hugo Furtado

Cheio de referências, Circulo de fogo é o filme perfeito para todo garoto que teve a sorte de ter uma ótima infância, criado vendo “Jaspion” e principalmente “Power Rangers”.

O filme que talvez fuja um pouco do jeito Guillermo Del Toro de fazer filmes, que se caracterizou pelo uso da maquiagem mais até do que efeitos especiais, não peca na hora de introduzir uma ameaça estilo Godzilla, e o essencial, máquinas que possam combatê-la.

Os primeiros momentos da trama já conseguem levar o êxtase os nerds e geeks (nunca vou saber a diferença, sempre me denominei nerd) presentes na sala de cinema. E é apenas um prelúdio  da “quebradêra” que se segue ao longo da história. Pancadaria que começa no mar se arrasta até a cidade e pasmem, tem fim no espaço.

O roteiro é simples e competente, digno dos roteiros de Power Ranger, complicações ficam por conta dos nomes das ameaças, todos os aspectos do filme atingem e, em certos pontos superam, as expectativas, como os efeitos visuais, belíssimos.



Os acontecimentos fluem naturalmente, de maneira como Del toro mesmo disse, preferir não se apegar a explicações, gerando surpresa nos momentos de referencia, como por exemplo quando é dada a ordem de pressionar um botão (soco foguete) e termina com a alegria de um soco bem dado na cara de Kaiju, de uma forma tão empolgante que nem sentimos passar as duas horas de filme.

O elenco é simples e carismático, Idris Elba faz uma de suas melhores atuações. A dupla, Charlie Hunnam e Rinko Kikuchi, não ficam atrás e a conexão natural entre os dois é visível e o alívio cômico está bem presente, mas na dosagem certa e em momentos certos.

Fiquem tranquilos, pois os Jaegers, como são chamadas as máquinas criadas pelos humanos,  não são iguais aos transformers, eles são pesados e lentos, o que torna legal, pois já sai em desvantagem. É possível ter a sensação de peso de cada passo dos robôs.  Já os Kaijus, são um pouco mais ágeis e por vezes um pouco maiores que o esperado.

Vale a pena conferir esse baita filme de ficção cientifica, que esbanja referencias que saltam aos olhos de um ótimo diretor de cinema.  Se quando criança você, assim como eu, enlouquecia em frente a TV vendo séries como Jaspion, Jiraya, Ultraman, Espectroman e Power Rangers, não deixe de ir ao cinema, pois esse filme é essencial no que diz respeito a fidelidade de gênero.  

domingo, 14 de julho de 2013

Figurino | Truque de Mestre: Jenny Eagan foi impecável

por Polyana Gouvêa

Bom, pra início de conversa, queria apenas reforçar que... apenas por ter esse elenco excepcional, já fui ao cinema com uma grande expectativa. Quando vamos encontrar Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Morgan Freeman, Michael Caine, Isla Fisher, Woody Harrelson e Dave Franco juntos novamente? É só o que eu queria saber.

Pessoalmente falando, foi uma das melhores estreias do ano. Foi tudo que eu imaginava e um pouco mais. A história tem um enredo muito envolvente, e vai te provocando diferentes sensações conforme o desenrolar da trama.

E é claro que pra fechar esse conjunto não poderia faltar um figurino sem falhas. As roupas escolhidas pelo figurinista Jenny Eagan foram impecáveis, principalmente por parte do vestuário masculino. No geral foram usados muitos ternos. Sendo as roupas do The Four Horsemen na maior parte em tonalidades escuras (preto e bordô) e branco.

Alguns detalhes me chamaram atenção, como o personagem do Woody Harrelson sempre usar um chapéu ou as luvas lindas da Isla Fisher! Acho justo falar que o destaque ficou por conta do Morgan Freeman e seus ternos.

Principalmente um roxo bem escuro, com um lenço lilás e um chapéu preto. Mas, ele é o Morgan e fica bem em qualquer coisa  (sim, eu amo ele). E me despeço com a melhor frase do filme: "Look closely, because the closer you think you are, the less you will actually see".




sexta-feira, 12 de julho de 2013

Crítica | Homem de Aço: Livrando-se de estigmas

por Victor Hugo Furtado

Os fãs finalmente se livraram do estigma de Christopher Reeve, do roteiro fantasma de Tim Burton que pairou nos anos 1990 e quase caiu nas mãos de Kevin Smith (história contada por ele no youtube vale a pena) e principalmente de Superman Returns (2006) de Bryan Singer.

Dadas as explosões ao melhor estilo Michael Bay (referência desgastada) que nunca mais conseguirão ser esquecidas pela população de Metrópolis, Homem de Aço é impecável.

Cheio de flashbacks para melhor contar a história não-linear de Kal-El, ao melhor estilo “novidade”, Zack Snyder e David S. Goyer introduzem muitos pontos nunca desenvolvidos no herói. Desde um estilo mais realista consolidando a tendência da Warner Bros de respeitar roteiros, até um novo vilão, um novo uniforme e muita porrada, que era o que todos queríamos ver. O filme segue a tendência Cavaleiro das Trevas, mas respeita o apelo popular, priorizando cenas de combate, que não foram bem vistas na trilogia de Nolan.

Bem explicado, temos a mesma chata e conhecida história, mas com elementos simples que deixam tudo diferente! Em um planeta distante, o pai Jor-El (Russell Crowe) resolve salvar seu filho “orgânico” Kal-El de um apocalipse e programa o envio dele para a Terra, levando consigo uma importante herança genética do seu povo, embora o frio General Zod (Michael Shannon) não se conforme com essa decisão.

Já em seu novo lar, criado por pais adotivos (Kevin Costner e Diane Lane), a criança cresceu. Clark (Henry Cavill) tornou-se um homem preocupado, principalmente, com suas origens e seu verdadeiro destino. Até que este passado retorna na figura de Zod, ainda mais poderoso, e o futuro da humanidade vai depender do confronto entre essas duas forças.

Com efeitos especiais de primeira e repito muita pancada, o “não-Superman” digamos assim, simboliza e protege a raça humana das ameaças dignas do universo Superman e da DC Comics. Se livrando do mesmo blábláblá de sempre, esse Superman não encontra kryptonita e nem Lex Luthor, mas sim inimigos que mostram que o homem de aço também pode apanhar, e feio.

Deixando muita coisa pronta para uma sequência, como por exemplo, a sensação dupla das pessoas no fim do filme: “Ele nos salvou! Mas... Queremos um alienígena entre nós?” Homem de Aço não tinha como terminar melhor, exagerando de forma boa em premissas, ele explica sua chegada ao seu trabalho no Planeta Diário, sua relação com Lois e ainda planta sementinhas para o próximo filme, em um universo que a qualquer momento pode desembarcar um Batman, um Flash e uma Mulher-Maravilha. Sonhar não custa nada.

domingo, 7 de julho de 2013

Crítica | Truque de Mestre: Magia e ação com elenco de dar inveja

por Victor Hugo Furtado

Com ares de independência, elenco de primeira e em plena forma, Louis Leterrier joga elementos de Mr. M e David Copperfield com temperos de anti-herói para mostrar sua cara em Now You See Me, que infelizmente no Brasil, vira Truque de Mestre.

Veja também
Figurino | Truque de Mestre: Jenny Eagan foi impecável, por Poly Gouvêa

Sem perder o foco, a trama se desenrola do coelho que sai da cartola até a ótima perseguição de carros típica de filmes de ação. Apresentados e recrutados como na trilogia de Ocean’s Eleven (2001), os protagonistas são um grupo que se intitula "Os Quatro Cavaleiros", formado por J. Daniel Atlas (Jesse Eisenberg nada nerd), líder e especialista em truques com cartas, Merritt McKinney (Woody Harrelson cada vez mais Woody Harrelson), mentalista que hipnotiza pessoas e tira delas os segredos mais íntimos, Jack Wilder (Dave Franco chutando James), cuja habilidade é roubar carteiras, e Henley Reeves (Isla Fisher), garota capaz de se livrar de correntes e sair de um tanque cheio de piranhas.

Em seu primeiro show em Las Vegas, eles transportam um espectador francês até um banco em Paris e, com um equipamento, são capazes de sugar as notas do cofre da instituição e despejá-las sobre uma platéia ávida pelo dinheiro. O roubo, por assim dizer, chama a atenção da polícia da França, que manda para os Estados Unidos uma jovem investigadora, Alma (Mélanie Laurent, de Bastardos Inglórios), que, ao lado de um agente do FBI, Dylan Rhodes (Mark Ruffalo), começa a investigar os mágicos.



Os shows se transformam em verdadeiras operações de Robin Hood, tirando dinheiro de ricos e distribuindo ao público durante apresentações. Uma delas envolve um milionário, interpretado por Michael Caine, que patrocina os mágicos.

Além do FBI, os Cavaleiros são investigados também por Thaddeus Bradley (Morgan Freeman), um homem que passou a vida registrando truques de mágica e desmascarando-os. Porém, por mais que se esforce, ainda não descobriu o que está por trás deste quarteto.

Com muitas surpresas, Truque de Mestre junta dois elementos muito interessantes, magia e ação, em personagens simples e carismáticos, que por si só fazem o filme transcorrer ao natural prendendo o expectador.

O filme carrega o público de tal maneira, que em dado momento, os protagonistas deixam de aparecer por quase quinze minutos e ninguém sente a falta. Na dinâmica interessante do “policia e ladrão”, Truque de Mestre se banha em clichês, que de maneira impressionante, não desgasta sua platéia.

Como nada na vida é perfeito, o longa comete um erro bobo que talvez pudesse ter sido mais bem trabalhado, em seu último ato, investe em uma reviravolta estranha. Ainda assim, é um ótimo filme que cumpre objetivo e se consagra como um dos melhores do gênero em 2013.

domingo, 30 de junho de 2013

Crítica | Guerra Mundial Z: Não é fácil sustentar um "perigo global"

por Victor Hugo Furtado

Gerry Lane, um ex-funcionário (Brad Pitt) da ONU, que, ao saber dos acontecimentos, procura fazer o que qualquer pai faria: proteger suas filhas e sua mulher (Mireille Enos).

Em meio ao caos mundial proposto por Marc Foster, ele é chamado a ajudar o que restou do exército, integrando uma força-tarefa para tentar descobrir as causas do surgimento desse novo inimigo, do qual ainda se sabe pouco.

Fazendo muito bem o que lhe é proposto, atuando com suas facetas convencionais e sempre bem-vindas, dando um je ne sais quoi inédito ao gênero, embarcamos com Brad Pitt em uma jornada de muitos efeitos especiais e diversos pulos de assento por quase duas horas.

Começando meio confuso, mas pegando no tranco, Guerra Mundial Z explica demais as “causas” do apocalipse, optando pelo estilo “perigo global” difícil de sustentar e infelizmente na maioria das vezes caindo em clichês famosos como: “tem que atirar na cabeça!” e “o que são essas coisas?!”.

Eu particularmente gosto mais de filmes de zumbis de estilo Madrugada dos Mortos (2004) de Zack Snyder, ou mesmo como a famosa série The Walking Dead, que focam em menos sets e simplesmente deixam as vítimas transcenderem seu espírito de sobrevivência, tornando-o a trama mais íntima e em muitas vezes mais realista e assustadora.



Sem dúvida, as maiores estrelinhas de Guerra Mundial Z ficam por conta dos sons apavorantes dos mortos-vivos não tão convencionais e principalmente da forma muito interessante como agem os zumbis, pelo menos eu não me lembro de um filme do gênero em que as criaturas agissem em blitzkrieg, de tal forma que atropelasse seus semelhantes em busca de alimento. Muito legal mesmo, vale o 3D.

Enfim, comparado com muitos filmes do gênero que temos visto por aí, Night of the Living Dead (2006) e Mutants (2009) que o diga, Guerra Mundial Z é um bom filme, e se for visto pelo expectador visando uma continuação, ele parece muito melhor, porém se visto com um único filme, é bem decepcionante. Esperemos uma continuação e a capacidade Marc Foster de se sustentar na sua guerra mundial contra os zumbis.

Crítica | Universidade Monstros - O início de uma bela amizade

por Dáphine Ponte

Depois de exibirem quase meia hora de trailers dos novos lançamentos da Disney, como um filme de um teco-teco do interior que quer participar de uma famosa competição de aviões que se chama Aviões (Sério?! Olha que original!), foi exibido o mais novo curta-metragem da Pixar, O guarda-chuva azul.

Eu não vou me estender muito, o foco desse post é o filme Universidade Monstros, mas eu vou falar um pouco sobre o curta. A história começa num dia chuvoso, onde podemos ouvir uma gostosa sinfonia vinda da junção das gotas da chuva caindo nos toldos, nas caixas de correio, nas bocas de lobo que criam vida.

Um pouco mais acima vemos várias pessoas com guarda-chuvas negros e um guarda-chuva azul sorridente se destaca na multidão, sentindo as gotas de chuva cair nele. Do lado dele, vemos um guarda-chuva vermelho, com feições femininas, chama a atenção do protagonista e este passar a flertar o guarda-chuva vermelho. No entanto, o guarda-chuvinha passa por adversidades e se separa da sua amada. Como eles se reencontram? Bom... Só vendo o curta para descobrir!

Logo após esse curta-metragem, inicia-se Universidade Monstros, que é uma prequela do filme anterior Monstros S.A (2001). Na cena inicial vemos pequenos monstros em uma excursão escolar a Monstros S.A. Na hora da contagem, o pequeno, ou melhor, o jovem Mike Wazowski sendo esquecido no ônibus por conta de seu tamanho. Percebemos que ele é o mais zoado da turma, mas possui uma alegria e uma autoconfiança contagiante!

Durante a excursão, os monstrinhos vão conhecendo as instalações da empresa e veem os monstros que trabalham assustando crianças para colher energia para a cidade. Mike conhece um dos assustadores e decide invadir e ver como era o trabalho de um assustador. Surpreendido por não ter sido visto durante a ação, o assustador diz que Mike pode vir a ser um assustador em potencial e diz que a Universidade Monstros tem o melhor programa de sustos. Mike acaba se animando com a ideia.

Os anos se passam, o pequeno Mike consegue ser aprovado na Universidade Monstros e conhece seu colega de quarto, o até então tímido, Randall Boggs. No primeiro dia de aula de Sustos, Mike tenta se destacar na turma, respondendo as perguntas do professor, mas eis que chega James P. Sullivan (ou Sulley, como é conhecido), o brincalhão e descolado monstro que se torna conhecido por ser filho de um famoso assustador.

Durante a aula, chega à sala a diretora do Programa de Sustos, Hardscrabble, maior recordista em sustos, que explica que o curso não é moleza e quem não tirar notas boas, deverá sair. Em uma noite que Mike decide estudar para garantir boas notas, Sullivan invade o quarto deste para pegar o mascote que roubou de outra universidade.

Para tentar recuperar o mascote, Mike e Sullivan saem correndo pelo campus da universidade e chegam a festa das fraternidades. Sullivan atrai a atenção dos membros da Ruge Ômega Ruge, a principal fraternidade, composta pelos maiores e mais fortes monstros da faculdade e é convidado a participar da fraternidade. Mike diz que tem interesse em participar da fraternidade, mas Sullivan e os outros dão o fora nele.

Mike passa a encarar o insulto como um desafio e se dedica a ter um bom desempenho na disciplina de Sustos e ser melhor que Sullivan. Porém, sempre há um porém. No dia da prova final do semestre, Mike e Sullivan começam a brigar e a diretora Hardscrabble expulsa os dois do programa.



Mike e Sullivan vão parar na disciplina de projeto de cilindros e depois de um dia ruim de aula, Mike tem a ideia de participar dos Jogos de Sustos, uma espécie de campeonatos realizada entre as fraternidades, com a fraternidade mais flopada da universidade: a Oozma Kappa.

A Oozma Kappa é composta por Don Carlton, um aposentado que resolveu voltar para a faculdade; Scott “Esguicho” Squibbles, o tímido e sempre discreto e tem uma mãe que o faz passar vergonha e curte heavy metal; Terri e Terry Perry, monstros que dividem o mesmo corpo e Art, o excêntrico estudante de Filosofia. Sullivan aproveita a oportunidade para voltar ao programa de Sustos, uma vez que Mike apostou com a diretora Hardscrabble que iria vencer os jogos.

Na primeira prova, eles quase saem da competição por conta de briga de egos entre Mike e Sullivan e não percebem a competição só pode ser vencida por que eles devem trabalhar em equipe e aperfeiçoar as qualidades individuais dos monstros.

Confesso que, antes de ver este filme, preferia que a Pixar tivesse lançado uma sequência do filme, mostrando Mike, Sullivan e a menina Boo mais velhos e passando por outros tipos de situações. Mas depois de assistir a esta trama, pude entender que a prequela foi uma forma de explicar várias coisas existentes no filme anterior. Como surgiu a bonita amizade entre Mike e Sullivan se eles são tão diferentes, seja no tamanho e na personalidade e Sullivan era um chato arrogante na faculdade? Como surgiu a rixa entre Sullivan e Randall Boggs, que perdurou até o ambiente de trabalho?

Confesso que ri bastante assistindo a este filme. As cenas mais engraçadas eram quando Esguicho e a sua mãe apareciam. Ri demais com eles! E também confesso que gostei muito desse filme. Mais do que o último filme infantil que assisti, Hotel Transilvânia, que foi um desperdício de tempo e dinheiro.

Enfim... Quem for assistir a este filme, espero que também goste! Obrigada pela atenção e até mais, Cinéfilos!

domingo, 16 de junho de 2013

Figurino | Meia noite em Paris: Nossas particularidades em uma Paris de Sonia Grande

por Polyana Gouvêa

Por alguma razão louca, eu assisti ao filme há uns dois meses apenas. E depois fiquei me perguntando como eu pude ter me privado disso!? Começa pelo fato de não ser aquele filme água com açúcar tradicional.

Sim, tem seu romance, mas a parte histórica, as tiradas sarcásticas do Owen Wilson, os trejeitos da querida Marion Cotillard com a bela Paris dos anos 20, já fez dele um clássico pra mim. Além disso, o próprio fato do personagem principal "viajar no tempo", já tem um diferencial especial.

Bom, o figurino. Achei realmente muito bom. A Sonia utilizou tons bastante neutros, que eu particularmente gosto muito. E acrescentando modelos e tecidos que ficaram bem de acordo com a época.  A única adição que eu teria feito seria na parte dos acessórios, que foram muito elegantes, mas poderiam ser em maior quantidade, dando a ideia de particularidade.

E falando em particular, guardo uma paixão pelo vestido dourado com amarelo da Adriana (Cotillard). No fundo, a verdadeira estrela do filme foi Paris. Juntando Woody Allen, o figurino, o elenco, a história por trás dos acontecimentos, a trilha sonora (super-recomendo!), enfim todo o enredo do filme, acho difícil alguém discordar do fato de que a Paris de 1920 tenha sido mesmo a melhor época de todas.



sábado, 1 de junho de 2013

Crítica | Faroeste Caboclo: Renato Russo se orgulharia

por Victor Hugo Furtado

Com a estética que se tornou regra nos faroestes, cortando do plano aberto direto para os close-ups, o Brasil produziu pela primeira vez o seu western, e olha que não deixaria Sergio Leone nada envergonhado.

Salvando a integridade e honrando as cinzas de Renato Russo - que estava triste por Somos Tão Jovens - com um tom até às vezes um pouco mais pesado, o publicitário René Sampaio debutando no cinema, conduz a música que já tem quase 35 anos e no mínimo três ou quatro gerações com ela na ponta da língua.

A trama gira em torno do protagonista João de Santo Cristo, com Fabrício Boliveira calando a boca de quem duvidou de sua capacidade. Boliveira como João, é assustador e convincente, trazendo o “ódio por dentro” do personagem que chama atenção por sua autoestima muito bem resolvida, atuação destacável.

Como a canção não é precisa sobre a etnia, e sim apenas preconceito por sua cor, seria fácil, e até evidente, colocar um ator mulato como herói, uma forma de atingir um público maior da nação "parda" brasileira, o que deixa o longa até mais charmoso, pois Santo Cristo me fez lembrar várias vezes o negro libertado de Tarantino, Django Unchained (2012), mas não se vinga tanto quanto eu gostaria.

O quase humorista, Felipe Abib no papel de Jeremias certas vezes parece um pouco caricato, mas ainda assim é menos forçado que Thiago Mendonça. Já Isis Valverde como Maria Lucia dá conta da personagem que leva dois homens travarem um duelo por ela, “na Ceilândia, em frente ao lote 14”, como na boa tradição dos westerns.

Sobre o ator uruguaio César Troncoso eu prefiro me abster perante a magnífica interpretação de cada segundo em que se propõe a interpretar Pablo. Desde El Baño del Papa (2007) e Infância Clandestina (2011) o cara desponta como um grandessíssimo ator. Hollywood batendo a porta, escrevam.

  “Quando criança só pensava em ser bandido    Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu”

Esses versos contam um pouquinho da história de cada preto ou mulato brasileiro em situação de vulnerabilidade social, e que já nascem culpados por algo que não fizeram, mas de alguma maneira, serão obrigados a fazer.

Aqui no Brasil nós não seguimos a mesma carga protestante da cultura americana que precisa de Natural Born Killers (1994) ou Bonnie and Clyde (1967) para expressar o que não temos coragem. Mas é preciso muita audácia para não se empolgar com os momentos em que Santo Cristo é um complexo anti-herói movido por um forte desejo de vingança. Violento, sim, mas justo e disposto a lutar contra o destino que lhe foi determinado. Por consequência, faz os momentos mais interessantes da trama.



É uma pena que esse lado sombrio e cheio de "calibres" - que era meu desejo prioritário - fique em segundo plano, ofuscado pelo romance entre Santo Cristo e Maria Lúcia, mas que também é legal, não ficou nada “novelizado” e infantil.

Minha dica é: assista! é o cinema nacional em plena forma, o filme que traz crítica social, também faz referências interessantes e nada forçadas à ditadura. Pena que esse tipo de filme nós vemos em pouco número na terra dos candangos, o jeito é ficar na torcida para que o cinema brasileiro produza mais faroestes e menos comédias.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Crítica | Star Trek - Além da Escuridão: Fascinante!

por Victor Hugo Furtado

Como eu sempre digo: "Filmes de sci-fi são iguais aos westerns, de dez, se tira dois", Star Trek - Into Darkness equivale a dois. Não é o nosso Star Trek de raiz, mas Mr. J.J. conseguiu captar e transmitir a ideia de maneira bem impactante, tanto para os jovens, quanto para os fãs das antigas.

O enredo segue o cada vez mais teimoso Capitão Kirk e sua tripulação explorando o espaço, até algo dar errado e serem chamados de volta, quando ocorre um ataque terrorista no coração da Frota. Kirk então lidera a caça à John Harrison, uma arma de destruição em massa que anda e fala, e que se infiltra nos pior lugar possível, planejando cada movimento como um jogo de tabuleiro, manipulando ou ajudando a Enterprise.

J. J. Abrams demonstra em Star Trek- Além da Escuridão, porque foi escolhido para continuar Star Wars, respeita a série, os fãs e os filmes anteriores, fazendo homenagens e ainda achando espaço para mostrar um cuidado futuro com a franquia, para novos e excelentes filmes. Abrams caiu realmente nas graças da nova geração de trekkers com o reboot que deu ponta pé em 2009, tudo bem, eu confesso que fui ao cinema já querendo gostar, mas Além da Escuridão supera as expectativas, pois é um dos mais belos filmes ficção cientifica de nossa época.


Seria difícil conseguir superar o perfeito universo de Jornada nas Estrelas com uma sequência, mas o diretor conseguiu manter a pegada, após uma confiante largada, Abrams mantém a franquia indo com uma sequência dinamica e que nos entrega o mais excitante filme desse universo, ainda que sombrio, divertido.

Além da Escuridão – Star Trek, na sua grande parte é uma fantástica diversão: um blockbuster de mais de duas horas que não exagera na entrega ou se arrasta por meados do filme, mantendo uma velocidade tão constante que no momento que você formou uma ideia na cabeça, ele já lhe levou para a próxima surpresa na trama que permeia em um mundo em guerra.

Star Trek, é hollywood em grande forma, criando não apenas um bom espetáculo em termos de ação, mas sem esquecer de construir bons personagens com quem possamos nos relacionar, elenco? elogios claramente inevitáveis, Chris Pine (James T. Kirk) mantém sua performance hilária e emocionante, trazendo toda o espírito de liderança, astúcia e raça do nosso Capitão Kirk, e criando ainda, uma realidade absurda sobre o emocional insensível e ao mesmo tempo frágil do personagem.

Sem esquecer é claro de Zachary Quinto (Spock), que deixou orgulhoso Leonard Nimoy arrancando risadas e lágrimas do público, usando com maestria toda a capacidade do personagem no que condiz ao emocional, ético e lógico.

Juntamente com seu par, Zoe Saldana (Nyota Uhura) que traz uma aparição muito maior à sua personagem no segundo filme, abrangendo toda sua personalidade e importância na Enterprise. Por último, o misterioso vilão John Harrison, que rouba a cena e faz o expectador pular da cadeira em diversas vezes, superando de longe o vilão do filme antecessor.

O filme agrada os fãs, e em resumo, é fascinante, cheio de ação e melhor do que tudo que eu vi nos ultimos anos em matéria de ficção, isso tudo sem mencionar a magia IMAX, que me fez desviar várias vezes dos estilhaços, exercitando tudo que aprendi nas aulas de reflexo da academia da frota estelar. Obrigado e sorte J.J.! me faça tão feliz em Star Wars, quanto em Star Trek - Into Darkness.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Crítica | A Viagem: Interessante e confuso

por Dáphine Ponte

Olá, Cinéfilos! Há quanto tempo! Como estão? Sei que demorei um tempo para aparecer aqui novamente, mas peço desculpas. Estava realizando alguns trabalhos freelancer e me ocupei. Enfim... O filme desse post é A viagem ou Cloud Atlas (título original) que estreou esse ano, mas só pude vê-lo agora.

O filme A viagem (eu não entendo os motivos dos tradutores brasileiros colocarem este título) é baseado no romance Cloud Atlas do inglês David Mitchell, escrito em 2004, levado aos cinemas pelos irmãos Wachowski, Andy e Lana (Trilogia Matrix, V de Vingança e Speed Racer) e também pelo alemão Tom Tykwer, conhecido pelos filmes Corra, Lola, Corra e Perfume: A história de um assassino.

A viagem conta seis histórias que acontecem desde o século XIX a uma época em que o planeta Terra foi devastado pelas guerras e muitos dos humanos vivem em tribos. São seis histórias com os mesmos atores principais (Tom Hanks, Jim Stugess, Jim Broadbent, Halle Berry, Doona Bae, Hugo Weaving, Susan Sarandon e Hugh Grant, que faz seis vilões nas seis histórias), com aparências e sexos diferentes. Exemplo disso é o ator Tom Hanks que interpreta um médico em uma trama, um escritor criminoso cheio de tatuagens e um criador de cabras que mora em uma tribo. Outro exemplo é o ator Ben Wishaw que interpreta um compositor bissexual em uma história e uma mulher velha em outra.



A primeira história é a de Adam Ewing, interpretado pelo ator britânico Jim Sturgess (Across the universe), um jovem e ingênuo advogado de São Francisco que vai a uma ilha longínqua no Pacífico Sul no século XIX, negociar a compra de escravos para o seu sogro na fazenda do Reverendo Horrox (Hugh Grant, irreconhecível). Quando Adam se depara com as condições de trabalho impostas aos Maoris, um povo nativo da ilha e vê um escravo sendo açoitado, ele desmaia. Adam volta para casa sob os cuidados do Dr. Henry Goose, interpretado por Tom Hanks, que inventa que o advogado está doente e o envenena para matá-lo e roubar a fortuna dele. Ao mesmo tempo, Adam faz amizade com Autua, o escravo que foi açoitado e tenta garantir a liberdade deste.

A segunda história se passa na Inglaterra durante os anos 1930 e conta a narrativa de Robert Frobisher (Ben Wishaw), um jovem compositor bissexual, que 
fugindo do pai, vai trabalhar como assistente para Vyvyan Ars (Jim Broadbent), um caquético compositor, que pensa em criar uma sinfonia de sucesso novamente. Ao passo que Robert passa a trabalhar para Ars, ele conta a sua rotina para o amante Rufus Sixmith (James D’Arcy). Robert pensa em ser um compositor famoso e que todos ouçam as suas criações.

A terceira história se passa na década de 70 e o mesmo Rufus da história anterior, aparece neste segmento mais envelhecido. Ele conhece a jornalista Luisa Rey (Halle Berry) quando o elevador em que estão quebra e os dois passam a conversar. Pouco tempo depois, Rufus pede a ajuda de Luisa para que esta denuncie uma falha no reator nuclear de uma empresa em que Rufus trabalha e é comandada Lloyd Hooks (Hugh Grant). Mas Rufus é morto antes que se encontre com Luiza. Cabe à jornalista a tarefa de descobrir o que Rufus iria contar.

A quarta história se passa em 2012. Jim Broadbent aparece como Timothy Cavendish, o dono de uma pequena editora que fica rico quando o escritor do livro que está promovendo, um criminoso (Hanks) mata o crítico que falou mal do livro em uma festa. No entanto, os amigos do escritor querem parte dos lucros do livro, mas Timothy não tem dinheiro no momento e pede a ajuda do irmão que não se dá bem (Grant, de novo). O irmão de Timothy o manda a um asilo para idosos como uma forma de vingança por ser traído por Timothy e a mulher.


A quinta história se passa em um futuro distópico em uma cidade que se chama Nova Seul, em 2144, onde há clones chamados de “fabricados” e são criados e programados para executar diversas tarefas sem questionar. Sonmi-451 (Doona Bae) é uma das “fabricadas” que não demonstra reações ou sentimentos quanto a sua rotina. Mas quando outro clone resolve se rebelar Sonmi se “desperta” da situação e é resgatada pelo líder da resistência (Sturgess).

Na sexta e última história, Zachry (Hanks) é o líder de uma tribo localizada no Havaí em uma Terra pós-apocalíptica, mais de 100 anos após os acontecimentos da história anterior. O planeta está devastado, os moradores vivem em tribos e veneram Sonmi como se fosse uma deusa.

Mesmo que aconteçam em épocas diferentes, pude perceber que as seis histórias estão interligadas por alguns detalhes que são mostrados ou falados pelos 
personagens no decorrer da trama. É o caso da marca de nascença em forma de cometa que alguns dos personagens exibem; o livro escrito por Adam Ewing que Robert Frobisher e, em alguns momentos, o compositor se identifica com o advogado e a linda sinfonia que Robert compôs chamada de “O Sexteto Cloud Atlas” que é tocada em outras tramas do filme.

Confesso que achei a trama bonita, com histórias diferentes, mas os personagens têm um mesmo ideal: lutam pela liberdade. Lutam pela liberdade coletiva, de uma população, nas histórias do advogado, da jornalista e de Sonmi, lutam pela liberdade pessoal, como é o caso do personagem de Jim Broadbent, que tenta sair do asilo em que o colocaram e se livrar das amarras invisíveis que ele mesmo colocou em si e de Robert Frobisher, que anseia ser reconhecido, mesmo que seus planos deem errado.

A ideia que os diretores tiveram, mesmo que eles não tenham se encontrado durante as filmagens, de contar o início, o desenvolvimento, o clímax e a resolução das histórias é interessante, mas chega a ser confuso por que você não lembra quem era quem ou o que fazia na outra história. No meu caso, tive de acompanhar o filme lendo as sinopses das histórias no Wikipédia, por que mal eu digeria uma, já teria de entender outra que tinha uma ligação com um acontecimento que ocorreu no início da trama.

Mas A viagem não é um filme ruim. Penso que fizeram um ótimo trabalho na maquiagem e na trilha sonora... Acredito que, contando as histórias em sequência, daria para ter um melhor entendimento do que se passa nas tramas.

E é isso, Cinéfilos! O post saiu maior do que imaginei! Até fiquei surpresa com o tanto que havia escrito! Bom... Espero não demorar na próxima postagem! Ah... Lembrando: críticas e sugestões comentem aqui! Até a próxima!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Figurino | Catherine Martin transcende os anos loucos em "O Grande Gatsby"

por Polyana Gouvêa

Festa, Romance e anos 1920. Bastam essas três palavras pra despertar minha ansiedade de assistir um filme. O Grande Gatsby tem previsão de lançamento para 07 de Junho aqui no Brasil, mas nos EUA o filme já arrecadou US$ 51 milhões no seu primeiro final de semana de exibição, ficando apenas atras do Homem de Ferro 3.

O elenco conta com Leonardo Di Caprio no papel principal, Tobey Maguire e a querida Carey Mulligan, que muitas das peças que irá usar foram adaptadas para ganharem ares da década. As peças sofreram pequenas intervenções diretamente de Miuccia Prada. Porém, quem assina o figurino é Catherine Martin. Pelas fotos que já caíram na net já dá até para imaginar um Oscar.


Bom, o figurino é simplesmente apaixonante. Ele engloba de maneira impecável todo o glamour dos anos 1920. A elegância, as rendas, os babados, enfim, todo aquele brilho e sensualidade que só os "Anos Loucos" poderiam ter. O masculino também não deixou nada a desejar. Os ternos usados, são de uma elegância excepcional, casando muito bem com cada personagem. Já nas joias, a Tiffany trabalhou em braceletes, anéis, colares a acessórios para o cabelo. A maior parte das peças levam diamantes e muitas pérolas.


Não posso deixar de falar sobre o cabelo e os acessórios, que foi uma das coisas que mais me chamou atenção até agora. A década em questão é caracterizada com as melindrosas, que eram muito utilizadas, e estão muito presente no filme. A Daisy Buchanan (Mulligan) utiliza muito, junto com diversas faixas, tiaras e acessórios no cabelo Chanel, tipico da época.

Agora o que me resta é segurar a ansiedade, e esperar pela estréia, o trailer segue abaixo, pra quem quiser dar uma olhadinha...

domingo, 5 de maio de 2013

Figurino | O Fabuloso Destino de Amélie Poulain: Madeline Fontaine e Emma Lebail arrasaram em simplicidade


por Polyana Gouvêa 

Bueno, hoje resolvi falar dos paninhos do meu filme internacional favorito, o francês O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001). Ele conta a história de uma menina chamada Amélie da infância, até a vida adulta, quando ela faz a descoberta que muda sua vida.

O diferencial do filme de Jean-Pierre Jeunet, está presente na trama inteira. A fotografia é impecável, o roteiro prende o expectador do inicio ao fim, a trilha sonora... Não tenho nem como descrever, recomendo a todos que escutem.

Bom, o figurino, o que mais chama atenção, é sua simplicidade. O modelo da Amélie é bem diferente daquilo que nós estamos acostumados a ver em protagonistas. Ele chama a atenção pelo fato de ser algo bem alternativo e comum ao mesmo tempo. São na maioria vestidos e saias com camisas e cardigãs. Tudo com um ar meio vintage e retrô.

E as cores usadas são bem vibrantes: verdes, vermelhos, laranjas. Cores essas que estão presente no filme todo, seja no figurino de outros personagens, quanto nos cenários. Outro fato curioso, é que ela utiliza praticamente o mesmo sapato durante o filme inteiro. É uma espécie de coturno/sapato de segurança.

Confesso que foi a única coisa que não eu não amei no filme inteiro (sorry, nada é perfeito!). E pra finalizar, aquilo que tornou o visual da Amélie um ícone... O CABELO! O corte de cabelo com a franjinha e o comprimento curto atrás/comprido na frente foi algo que chamou bastante atenção, além de combinar com todo o estilo e personalidade da personagem.

Bom, eu recomendo muuuito que todos assistam, é um filme lindo e muito bem produzido, tenho certeza que agrada cinéfilos e modistas.



Crítica | Somos Tão Jovens: É legal mas não empolga


por Victor Hugo Furtado

Realmente Thiago Mendonça se puxou ao interpretar Renato Russo no fim da adolescência, nos anos de formação do Aborto Elétrico, grupo que daria origem a duas das principais bandas de Brasília, Capital Inicial e Legião Urbana. 

O Renato Russo em questão, tem a energia de quem está descobrindo o punk rock, a sexualidade e a política, mas já tem também os trejeitos e as afetações do músico. Somos Tão Jovens precisa que seu biografado seja imediatamente reconhecível pelo espectador, o que acaba tornando o longa mais explicativo do que se é preciso. 

Tentei, mas foi muito difícil deixar de comparar este filme com Cazuza - O tempo não para (2005), que além de passar uma imagem mais sincera, o filme parece transcorrer ao natural a vida do poeta tão grande quanto o trovador solitário. 

Quando se faz um filme sobre um ícone que comandou uma legião, o diretor não tem o direito de apostar como se o longa estivesse em contexto de entendimento e interpretação como em um documentário ou de um 007. Somos Tão Jovens é legal mas não empolga.



Antonio Carlos da Fontoura parece querer fazer um filme para que nova juventude brasileira seja cativada pela rebeldia, larguem os “Leleks” e se revoltem contra a sociedade voltando a ouvir Sex Pistols, no momento do filme em que uma música é praticamente engatada na outra. Só que Fontoura esqueceu que não estamos mais no começo dos anos 1980 e que também não é mais assim que funciona, a tentativa falhou. 

O filme sobre a juventude de Renato Russo, acaba confundindo muito instrospecção com arrogância. Marcos Bernstein que desculpe-me mas, o cara que faz o simpático Meu Pé de Laranja Lima (2013), não pode se dar ao luxo de ser um tanto quanto preguiçoso em um filme biográfico, ainda mais de um músico tão representativo. 

Outra coisa confusa que caracterizou uma aposta, é a aproximação do cantor, com Ana Claudia Costa e Pinto - interpretada pela talentosa Laila Zaid - filha de um importante militar, fazendo alusão ao ex-presidente Marechal Costa e Silva. 

O diretor explicou em entrevistas anteriores que a personagem de Laila foi inserida para representar todas as mulheres com quem Renato se relacionou. Mas ela vai muito além e acaba ganhando um destaque maior, com uma ótima atuação da atriz, que aliás deveria ser mais observada.

Quem perde a importância no filme é a irmã de Renato, Carmem Teresa. Interpretada por Bianca Comparato, a atriz sumiu em meio aos amigos do cantor no desenrolar da trama, mas quando aparece, dá um show de interpretação e alívio cômico, assim como a querida Laila Zaid.

A história de Somos Tão Jovens termina com o começo do sucesso da Legião Urbana fora de Brasília, com imagens reais do show que a banda fez em 1985 no Circo Voador, no Rio de Janeiro, se a parte 2 for realmente produzida como afirma Fontoura, ainda há esperança para os legionários, pois essa foi a única cena que realmente sorve o espectador e lhe dá gás e vontade de ficar de pé, pena que é o fim.