sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Crítica | Carrie: Sem propósito

por Victor Hugo Furtado

A queridinha do momento, Chloë Grace Moretz, faz Carrie White, uma garota de uma cidade pequena que sofre bullying dos colegas de sala e é atormentada por uma mãe fanática religiosa interpretada de uma maneira bem peculiar por Julianne Moore.

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Fruto de uma gravidez indesejada pela mãe, considerada por esta um ato de pecado, Carrie tem seus desejos reprimidos e vive enclausurada em casa num “closet” embaixo da escada. Lá, é obrigada a rezar pelos pecados que ainda não cometeu.

Estabelecidos os sentimentos, a personagem começa a descobrir seu dom de telecinése, quando começa a mover e controlar objetos com a força da mente. Com essa descoberta, não resta muito tempo até que sua vingança contra todos ao seu redor ecloda.

O filme consegue ser, diante dessa excelente premissa, um exemplo de mau aproveitamento de um argumento. O roteiro não consegue construir suas duas principais personagens de maneira fiel, sempre as levando a diálogos que colocam em constrangimento as duas atrizes principais.

Chloë Moretz e Julianne Moore, que são realmente duas grandes atrizes, estão visivelmente desencontradas em seus papéis, forçando atuações que levam o espectador a rir em momentos em que o filme parece querer se mostrar uma paródia.

É já no seu final que ocorre uma quebra de tom na narrativa, quando Carrie White se revolta com todos e começa a descarregar a sua ira. Nesse momento o filme ganha um novo ritmo, nova personalidade e consegue corresponder um pouco com as expectativas, mas não o suficiente para se comparar com os filmes anteriores, e menos ainda, ao clássico de De Palma.

Toda releitura é bem vinda, ainda mais de clássicos como os de Sthephen King, porém a grande verdade é que não se percebe a necessidade desse remake. Talvez a melhor “desculpa” seja a de adaptar um grande clássico para a linguagem contemporânea, com atores novos, com músicas novas e a tecnologia em foco.

Carrie (2013) termina por passar um olhar consideravelmente superficial diante de uma verdadeira obra de arte que nem todos conseguem compreender, menos ainda, adaptá-la.

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