por Victor Hugo Furtado
Realmente Thiago Mendonça se puxou ao interpretar Renato Russo no fim da adolescência, nos anos de formação do Aborto Elétrico, grupo que daria origem a duas das principais bandas de Brasília, Capital Inicial e Legião Urbana.
O Renato Russo em questão, tem a energia de quem está descobrindo o punk rock, a sexualidade e a política, mas já tem também os trejeitos e as afetações do músico. Somos Tão Jovens precisa que seu biografado seja imediatamente reconhecível pelo espectador, o que acaba tornando o longa mais explicativo do que se é preciso.
Tentei, mas foi muito difícil deixar de comparar este filme com Cazuza - O tempo não para (2005), que além de passar uma imagem mais sincera, o filme parece transcorrer ao natural a vida do poeta tão grande quanto o trovador solitário.
Quando se faz um filme sobre um ícone que comandou uma legião, o diretor não tem o direito de apostar como se o longa estivesse em contexto de entendimento e interpretação como em um documentário ou de um 007. Somos Tão Jovens é legal mas não empolga.

Antonio Carlos da Fontoura parece querer fazer um filme para que nova juventude brasileira seja cativada pela rebeldia, larguem os “Leleks” e se revoltem contra a sociedade voltando a ouvir Sex Pistols, no momento do filme em que uma música é praticamente engatada na outra. Só que Fontoura esqueceu que não estamos mais no começo dos anos 1980 e que também não é mais assim que funciona, a tentativa falhou.
O filme sobre a juventude de Renato Russo, acaba confundindo muito instrospecção com arrogância. Marcos Bernstein que desculpe-me mas, o cara que faz o simpático Meu Pé de Laranja Lima (2013), não pode se dar ao luxo de ser um tanto quanto preguiçoso em um filme biográfico, ainda mais de um músico tão representativo.
Outra coisa confusa que caracterizou uma aposta, é a aproximação do cantor, com Ana Claudia Costa e Pinto - interpretada pela talentosa Laila Zaid - filha de um importante militar, fazendo alusão ao ex-presidente Marechal Costa e Silva.
O diretor explicou em entrevistas anteriores que a personagem de Laila foi inserida para representar todas as mulheres com quem Renato se relacionou. Mas ela vai muito além e acaba ganhando um destaque maior, com uma ótima atuação da atriz, que aliás deveria ser mais observada.
Quem perde a importância no filme é a irmã de Renato, Carmem Teresa. Interpretada por Bianca Comparato, a atriz sumiu em meio aos amigos do cantor no desenrolar da trama, mas quando aparece, dá um show de interpretação e alívio cômico, assim como a querida Laila Zaid.
A história de Somos Tão Jovens termina com o começo do sucesso da Legião Urbana fora de Brasília, com imagens reais do show que a banda fez em 1985 no Circo Voador, no Rio de Janeiro, se a parte 2 for realmente produzida como afirma Fontoura, ainda há esperança para os legionários, pois essa foi a única cena que realmente sorve o espectador e lhe dá gás e vontade de ficar de pé, pena que é o fim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário