quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Crítica | Interestelar

por Victor Hugo Furtado

Antes de tudo, por favor, não se deixe levar por pensamentos impuros, não espere um novo e muito menos algo melhor do que 2001 – Uma odisseia no espaço. Uma boa ideia, ainda que bem trabalhada, não revoluciona sem humildade e autocrítica.

A nova empreitada de Christopher Nolan, na qual ele vem trabalhando há sete anos, traz a Terra consumindo boa parte de suas reservas naturais, um grupo de astronautas recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial, possibilitando a continuação da espécie.

Cooper (Matthew McConaughey) é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand (Anne Hathaway), Jenkins (Marlon Sanders) e Doyle (Wes Bentley), ele seguirá em busca de uma nova casa. Com o passar dos anos, sua filha Murph (Mackenzie Foy e Jessica Chastain) investirá numa própria jornada para também tentar salvar a população do planeta.

Interestelar é um dos filmes mais esperados de 2014 e também de um dos mais cultuados e respeitados diretores do século XXI. O filme que por diversas vezes foi comparado com a obra de Stanley Kubrick terminou por desapontar muita gente.

Na questão visual, o próprio Kip Thorne, famoso e mais competente físico teórico do mundo, especialista em buracos negros e conceitos de gravidade, disse estar diante de algo tão grandioso que ele mesmo pode usar as imagens em suas palestras e teorias.

O problema começa quando o diretor tenta trabalhar com questões sentimentais de mais, apesar de os atores protagonizarem cenas muito tocantes e dignas de indicações, no fim das contas, Nolan é um diretor muito racional pra trabalhar com temas relacionados ao amor.

Mais uma vez, se perde em explicações massivas, apesar do conseguir significativa melhora nos segundo ato, o primeiro peca demais em teorias desnecessárias, típico de Nolan. Explicações que todos já estão acostumados a ver no cinema, e é isso que dá um tom, até certo ponto egocêntrico ao diretor, que parece pensar que sua explicação será melhor que a dos outros que já a fizeram.

Em resumo, Interestelar é muito bom quando visto pelo seu trabalho visual, desafiador e corajoso, mas está longe de ser algo revolucionário.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Crítica | O Juiz

por Victor Hugo Furtado

“O Juiz”, mistura três consagrados enredos de hollywood, o filme de tribunal (popular principalmente no anos 80), o filme de reencontro das raízes na pequena cidadezinha do interior (por sinal muito bem enquadrada) e por último, mas não menos importante, o filme de reconciliação entre pai e filho.

O longa acompanha a vida de Hank Palmer, um advogado importante de uma grande metrópole dos Estados Unidos que se vê obrigado a voltar a sua pacata cidade natal quando a notícia do falecimento de sua mãe chega até ele no meio de um julgamento.

Distante da família há muitos anos e com sérias desavenças com o pai (Robert Duvall), um juiz local respeitado e importante que está sendo acusado de assassinato, Hank irá passar por provações que colocarão todo o seu talento como homem da lei à prova, bem como sua capacidade de encarar os fantasmas do passado e de se reconectar com um lado importante da sua vida que, com o tempo, foi sendo deixado de lado.


Robert Downey Jr. não foge muito de sua figura com poder de eloquência do qual já está acostumado a fazer em “Homem de Ferro”, e também usa da bola de cristal durante o filme, na pele de um advogado que conhece a população por sua linguagem corporal, como em “Sherlock Holmes”. Mesmo seu personagem, Hank Palmer, ser um personagem já “manjado” em hollywood, ele desempenha com destreza, e por vezes cativa com eficiência, tanto nas cenas de comédia romântica, quanto na bonita relação com seus irmãos.

O velho de guerra – indicado em seis ocasiões e numa delas, dono da estatueta - Robert Duvall dá o tom dramático e autoritário, também já acostumado a transcender tal figura desde os tempos de “Grande Santini”. Além de passar a experiência na empreitada, “se joga” em alguns clichês e também se arrisca cenas fortes. É bem possível que seja indicado pela sétima vez ao Oscar, seria a quarta como coadjuvante.

A surpresa fica por conta de o diretor ser David Dobkin, o mesmo que dirigiu as comédias “Bater ou Correr em Londres”, “Penetras Bons de Bico” e o pífio longa de aventura: “Jack: O Caçador de Gigantes”. Escrito com auxilio de Nick Schenk e Bill Dubuque, o roteiro de “O Juiz” não é muito sofisticado, mas certamente valerá uma indicação.

Pra quem gosta de filmes de reconciliação dramática e aventura moderna, e que também está de olho no Oscar 2015, sairá satisfeito da sessão de “O Juiz”.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Crítica | TRASH: A Esperança vem do Lixo

por Victor Hugo Furtado

Inspirado no romance homônimo do escritor britânico Andy Mulligan, trata da história de Rafael (Rickson Tevez) e Gardo (Eduardo Luís), dois garotos de 14 anos que vivem como catadores de um lixão e moram numa palafita. Certo dia, Rafael encontra uma carteira que pertenceu a José Ângelo (Wagner Moura). Pega o dinheiro, divide-o com o amigo e resolve guardá-la.

Quando a polícia vai até o lugar, os dois entendem que existe algo maior naquele caso e convidam Rato (Gabriel Weinstein), um menino que vive no esgoto, para ajudá-los a descobrir o mistério. A aventura os leva a um segredo que vai afetar a vida de boa parte do Rio de Janeiro.

O interessante de “TRASH”, é que a narrativa poderia ser exportada para qualquer país emergente ou de pouco poder burguês, ou simplesmente em países de um sistema de corrupção de conhecida identidade. Três garotos abaixo da linha da pobreza, que encaram algo maior do que suas pequenas compreensões, e que mirabolantemente escapam da morte diversas vezes, na maioria delas, com a força da inocência.

Estes garotos, diferente dos demais filmes que envolvem crianças, que não deixam na maioria das vezes sua assinatura, conquistam logo de cara o espectador, eu diria até, mais do que em “Cidade de Deus”, onde a atuação dos mais de 30 meninos muda o rumo da história, mas que não se guarda grande lembrança de algum deles - menos Douglas silva, esse sim é lembrado.


Estrelas maiores do Pôster do filme, Wagner Moura e Selton Mello chegam a lembrar Brad Pitt na distribuição de “Doze Anos de Escravidão” na Itália, juntos, fazem parte de não mais do que 30 minutos do longa, de mais de duas horas. Ao que se é proposto para as estrelas de luxo brasileiras, é preciso salientar que os dois discorrem com certa perfeição, dadas as interpretações.

A Já conhecida e queridinha por muitos no meio cinematográfico, Rooney Mara (Os Homens que não Amavam as Mulheres) termina por ser quase que desperdiçada, concentrando-se em apenas uma ou duas cenas “agua com açúcar”. A estrela maior, Martin Sheen, dá vida a um personagem típico do que podemos chamar de experiente, aparece pouco, com certa intensidade, mas que não chega a mudar os rumos da história.

TRASH é o nosso “Quem quer ser um Milionário”, bom filme, com ótima direção do britânico Stephen Daldry (“Billy Elliot”, “As horas”, “O leitor”), que já fora indicado ao Oscar em três oportunidades, e é justamente isso, que fará brilhar os olhos do brasileiro. Se não conseguimos infelizmente com nossas mãos, conseguiremos com uma ajudinha amiga.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Garota Exemplar: Suspense eletrizante e envolvente

por Dáphine Ponte

Caso Suzane Von Richtofen. Caso Isabella Nardoni. Estes foram alguns dos crimes brasileiros mais famosos e que mais causaram comoção nacional por conta da participação direta da imprensa seja fazendo coberturas interrompendo toda a programação ou em programas em que os apresentadores entrevistam familiares das vítimas e psicólogos para definir o perfil dos assassinos. Como formadora de opinião, a mídia fez com que a população tomasse partido do âncora de telejornal ou do apresentador do programa de variedades e condenasse os possíveis suspeitos antes mesmo da elucidação dos casos.

Explorando essa relação em que a imprensa sensacionalista faz com o público, Gillian Flynn, crítica de televisão da Entertainment Weekly, escreveu o best-seller Garota Exemplar/Gone Girl, que vendeu seis milhões de exemplares em todo o mundo, ficando atrás apenas da trilogia “BDSM água com açúcar” Cinquenta Tons de Cinza.

A trama inicia com o desaparecimento da escritora Amy Dunn (Rosamund Pike, The World’s End) no dia de seu quinto aniversário de casamento com o também escritor Nick (Ben Affleck, Aposta Máxima), que realiza uma denúncia à polícia assim que vê a porta da casa arrombada e alguns objetos quebrados pela casa. Nick faz questão de colaborar com a detetive Rhonda (Kim Dickens), mas parece estar um tanto nervoso com a situação, até briga com os policiais e com os voluntários das buscas. O que ele está escondendo?

As buscas se avançam. No entanto, a falta de informações e a aparente desconsideração de Nick pelo caso fazem com que a mídia crucifique-o e considere que ele é o principal suspeito do desaparecimento de Amy. Garota brilhante, linda e inteligente, boa moça, esposa dedicada ao marido, por que Nick iria fazer isto com ela? Será que o casal era feliz em seu matrimônio? O que há por trás disso tudo?

A adaptação cinematográfica da obra fica a cargo do diretor David Fincher, que resgatou o tino para a direção desde a versão americana de Os homens que não amavam as mulheres. A trama é roteirizada pela própria Gillian Flynn, que juntamente a Fincher prendem o espectador a cada segundo com uma atmosfera densa e mistério ao mostrar o íntimo de cada personagem, equilibrando nos três atos da trama a visão de cada um. Aos poucos, o diretor e roteirista vão fazendo com que as máscaras dos personagens caiam, revelando o que há por trás do casamento de Amy e Nick.

Ben Affleck passa firmeza ao interpretar o marido canalha que despreza, maltrata e trai a esposa cheia de predicados. Sempre achei que Ben tinha uma única expressão em todos os filmes em que ele fez que era a de “maior abandonado” e dessa vez combinou com o personagem que se mostrava um verdadeiro panaca e escroto no início da trama e que depois não sabia que rumo tomar para sair da situação em que se encontrava.

Mas a melhor atuação no filme e acredito que também soube envolver o espectador é Rosamund Pike. A atriz estava primorosa como a esposa exemplar que, aos poucos, mostrou um caráter dúbio. Manipuladora, fria e calculista, Amy maneja a todos que a cerca como meros fantoches. Com sua aparência angelical, Amy se mostra exemplar ao mostrar a face de boa esposa aos moradores da cidadezinha onde mora e para o espectador, fazendo com que homens e mulheres tomem partido dela e que Nick seja condenado à morte.

Destaque também para as atrizes Kim Dickens e Carrie Coon que interpretaram a detetive Rhonda e a irmã de Nick, Margo. Kim defendeu muito bem a detetive sarcástica e raivosa que queria resolver logo o caso, mas acreditava que havia algo errado em toda aquela situação. Carrie esteve bem como a irmã gêmea que também era o porto seguro de Nick. Não apenas para dar conselhos a Nick, mas também para ajudá-lo a mudar sua imagem perante a imprensa.

Outro destaque vai para o ator Neil Patrick Harris, que mesmo aparecendo pouco na trama como o antigo namorado obcecado por Amy, Desi Collings, que tinha mania de poder e achava que tinha Amy em suas mãos, que contribuiu para o desenrolar da trama como um personagem complexo, diferente das comédias que fez.

A fotografia do filme ficou a cargo de Jeff Cronenweth, parceiro de Fincher desde Clube da Luta que abusa de tons escuros e imagens parecidas com as de videoclipes. Percebe-se que, quando Nick aparece há tons de azul e cinza nas cenas, deixando o clima mais gélido e nos flashbacks de Amy são utilizados tons um pouco mais quentes como o amarelo. A trilha sonora fica por conta de Trent Reznor do Nine Inch Nails e de Atticus Ross que trabalharam com Fincher em A Rede Social e Millenium. Reznor e Ross compuseram trilhas que ajudaram a compor o clima de suspense, mistério e tragédia em determinadas situações.

Fincher soube prender e envolver o espectador de forma inteligente. Acredito que Garota Exemplar deu uma restaurada na carreira do diretor depois dos fracos A Rede Social e Millenium. Garota Exemplar é, sem dúvida, um dos maiores filmes do diretor.

 



quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Crítica | O Doador de Memórias

por Victor Hugo Furtado

“O Doador de Memórias”, mais um filme baseado em best-seller, desta vez com o livro homônimo de Lois Lowry, conta basicamente a história de um mundo perfeito, no qual todos são felizes.

Quando Jonas (Brenton Thwaites) faz 12 anos, é escolhido para ser o Receptor de Memórias da comunidade. Ele começa a treinar com um homem mais velho, chamado de O Doador. O jovem aprende o que é dor, tristeza, guerra e todas as verdades do mundo "real", e logo percebe que vive num mundo "falso". Agora, sabendo da realidade, Jonas enfretará escolhas difíceis sobre sua própria vida e seu futuro.

Meryl Streep e Jeff Bridges, estrelas maiores da empreitada, se atém a fazer o proposto: passar a ideia da experiência e carga de responsabilidade. Nada que os dois já não estejam acostumados a fazer.

Muito se falou de Taylor Swift, em sua estreia no cinema, mas a verdade é que ela entra em cena por meros 3 ou 4 minutos de filme.

A narração, mostra-se excessiva e dispensável na maior parte do tempo, e a mensagem do filme parece simplista e, relativamente nociva se levada a sério.

“O Doador de Memórias”, é bem mais rico em seu design, do que em sua história, que termina por apelar para um objetivo apressado e tendo toda a ação evitada durante a trama, nos minutos finais, confundindo o espectador e forçando um ‘cult’ exagerado.

sábado, 16 de agosto de 2014

Crítica | As Tartarugas Ninja

por Victor Hugo Furtado

Saí de casa todo contente porque depois de anos ia rever as minhas amigas de infância, que entre outras influências, me fizeram criar tartaruguinhas de estimação em meados de 1999-2000 (elas fugiram) e também de quase dar nome ao meu irmão mais novo Arthur, que quase se chamou Donatello.


Por fim, depois de anos eu as reencontro, grandes, fortes, inteligentes, engraçadas e bem desenvolvidas com ajuda da tecnologia. Problema nenhum até o momento, no que se refere exclusivamente a elas, porque o problema chegou quando tive que, de mãos atadas, aturar as minhas queridas amigas numa direção pífia de um cabeção chamado: Jonathan Liebesman. E pior, com a “benção” do tio Michael Bay.

A trama se foca mais na repórter – a mais fake da história do jornalismo, diga-se de passagem – April O’Neal, do que nas próprias tartarugas, além de é claro, modificar a história, dando a ela a falsa importância de tê-las “criado”.

A grande verdade é que o filme das tartarugas parece ter sido feito com pressa, sendo que tiveram 20 anos para tal, mas nós fãs, daremos um desconto de 10 anos, pois ainda não havia nascido a tecnologia ‘motion capture’.

“Tartarugas Ninja” mostra um grande descompasso e desnível de qualidade. Tartarugas é muito mais que explosões forjadas. Quem for ao cinema, com certeza não vai deixar de rir e até certo ponto se divertir, no fim das contas é um dinheiro bem gasto, mas poderia ser melhor.

Devido à bilheteria “gorda”, já está sendo encomendada a parte dois da empreitada, e nós, desejamos muita sorte e sabedoria na continuação, pois a primeira, frustrou as expectativas.

 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Crítica | Guardiões da Galáxia

por Victor Hugo Furtado

Embalado por uma trilha sonora escolhida com perfeição, Guardiões da Galáxia abre definitivamente os horizontes dos estúdios, que se ainda tinham algum receio de tal adaptação, ou algo do gênero, o medo se esvaiu diante da grandeza de cinco indivíduos à margem daquilo que podemos chamar de: heróis.

Em uma Terra alternativa do século XXXI, o aventureiro Peter Quill rouba uma esfera pertencente ao poderoso vilão Ronan, e passa a ser procurado por vários caçadores de recompensas.

Para escapar ao perigo, ele une forças com quatro personagens fora do sistema: Groot, uma árvore humanóide (Vin Diesel), a sombria e perigosa Gamora (Zoe Saldana), o texugo rápido no gatilho Rocket Racoon (Bradley Cooper) e o vingativo Drax, o Destruidor (Dave Bautista).

Mas Quill descobre que a esfera roubada possui um poder capaz de mudar os rumos do universo, e logo o grupo deverá proteger o objeto para salvar o futuro da galáxia.

Não deixa de ser uma grande surpresa, o acerto da Marvel estúdios com a empreitada Guardiões da Galáxia, que ao fugir do estilo Vingadores de super-heróis, apresentam criaturas curiosas e perdidas num determinado ponto do grande universo, prontos para quebrar a linha do certo e o errado e nos fazer rir por quase duas horas.

Encabeçado pelo personagem Peter Quill, interpretado de maneira brilhante por Chris Pratt, essas duas horas são categoricamente conduzidas com humor leve, não enjoativo, que pode ser levado por até mais tempo que isso. Personagens fortes e que não se levam a sério, acabam por se tornar o coração dessa adaptação quase 100% fiel à dos quadrinhos.

Esses personagens, escolhidos a dedo, dão um tom de harmonia ao filme, mesmo debaixo de pressão e porrada na maior parte do tempo. Rocket Raccoon, faz valer cada centavo gasto com a voz do galã Bradley Cooper, que fala demais, pena até que não fala mais ainda, pois quando não está fazendo piadas engraçadas - e que não aparentam ser forçadas no roteiro como em Homem de Ferro 3 ou Thor – O Mundo Sombrio – está dando um jeito de burlar a morte com sua super capacidade técnica de combate bélico e também sua super inteligência para com as tecnologias.

Zoe Saldana brilha como Gamora, alienígena de grande capacidade física, que apesar de ser mulher, é a que por fim mais “engrossa” com os inimigos. Dave Bautista é Drax, um troglodita que por não entender metáforas, se torna engraçado, mas seu dom é mesmo destruir tudo que vê pela frente. Groot é uma espécie de arvore humana, bondosa e ingênua, e que na voz interessante eu diria, de Vin Diesel, só sabe dizer uma frase: “I am Groot”, mas essa frase, dita com diversas entonações, ele termina por se expressar até melhor que seus "faladores" companheiros Quill e Rocky, interessante, não?

Vilões bem construídos e revelados cada um no seu momento tornam o filme um dos melhores da Marvel, que pelo apresentado este ano, está cada vez melhor. Guardiões da Galáxia merece um grande parabéns e cada centavo do seu dinheiro no cinema. Ah! a sessão cabine de imprensa não mostrou a cena pós créditos, tanto segredo merece uma grande surpresa.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Figurino | O Último Amor de Mr. Morgan

por Poly Gouvêa

Dirigido pela francesa Sandra Nettelbeck, e baseado na obra La Douceur Assassine, de Françoise Dorner, O Último Amor de Mr Morgan é uma história dramática, que mostra as relações entre o amor e a saudade em diferentes perspectivas. Os personagens principais, Mattew Morgan (Michael Caine) e Pauline ( ClemencyPoesy), vivem duas vidas distintas, marcadas por perdas que nem um deles conseguiu superar. Sua relação de confiança, troca e apoio leva a trama de maneira graciosa, pontuada por momentos mais dramáticos.

Filmado na frança, o ar europeu, combinado com uma trilha sonora de Hans Zimmer( O Código da Vinci, Sherlock Holmes, 12 Anos de Escravidão e por ai vai...) consegue envolver o cada vez mais o telespectador em sua narrativa. Consequentemente, o figurino sóbrio ajuda a complementar essa característica, mantendo certa sobriedade nas peças e cores.

O estilo clássico de Mattew é notável, na presença de peças como ternos, blazeres, camisas e gravatas. Devido ao frio europeu, casacos alongados e suéteres também foram utilizadas, passando assim, uma sensação de seriedade, e até mesmo melancolia por parte do personagem, juntamente com os cabelos branco e o guarda chuva, que aparece junto ao personagem em diversas cenas.

Pauline utiliza cores neutras em grande parte do filme, o preto, o branco e o cinza principalmente. As peças porém possuem um ar mais descontraído, devido também ao fato de ser uma professora de dança na trama, que tem a bolsa transversal como peça chave. Os tecidos são mais leves, e o contraponto entre os dois figurinos, ajuda a manter a ideia de simultaneidade entre diferenças e semelhanças dos personagens.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Crítica | Causa e Efeito: Buscando seu espaço no cinema nacional

por Dáphine Ponte

A lei da causa e efeito é um princípio codificado pelo educador francês Allan Kardec, criador da doutrina espírita. É como se fosse a lei da ação e reação criada por Isaac Newton, em que uma ação gera uma reação igual e de mesma intensidade. Ou seja, tudo que nós causamos gera um efeito, uma consequência da mesma proporção seja nesta vida ou na próxima.

Baseado neste princípio, foi lançado o filme Causa e Efeito, dirigido e roteirizado por André Marouço. O diretor investe em mais uma trama de cunho espírita assim como fez em O filme dos espíritos de 2011, seu filme de estreia.

Causa e Efeito conta a história do ex-policial Paulo (Matheus Prestes) que, ao perder a mulher e o filho atropelados por um motorista alcoolizado. Revoltado pelo homem não ter sido preso, ele se torna um matador de aluguel a mando do deputado Gustavo, interpretado por Henri Pagnocelli (A dona da história, 2004), um homem de caráter duvidoso que contrata Paulo para matar seus inimigos.

Ao receber a ordem para matar Madalena (Naruna Costa, Falsa Loura), uma ex-garota de programa e ex-caso do deputado, Paulo encontra um trio de religiosos (um padre, um pastor e um espírita), causando grandes mudanças na vida do protagonista.

A trama traz elementos de romance e comédia em algumas cenas e inova ao ter momentos de ação, fazendo com que se torne mais leve e agradável ao telespectador. No entanto, peca por ter muitos cortes entre as cenas e estas são rápidas, não dando tempo pro telespectador entender o que aconteceu para os personagens estarem em determinado lugar ou o tempo de uma cena.

Outro ponto que deve ser destacado é o personagem Paulo. É esperado que se mostre a angústia do homem que perdeu a família e está revoltado, querendo justiça. Mas o que se percebe é um homem que não expõe ou não consegue expor muito seus sentimentos, mostrando-se frio na maioria das situações, quase sempre com a mesma expressão.

Mesmo com estes elementos, nota-se que os filmes de gênero espírita estão buscando seu espaço no cinema brasileiros, fazendo com que os telespectadores entendam melhor a doutrina revelada por Allan Kardec com filmes que abordem a espiritualidade.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Crítica | Malévola: Grande atriz, roteiro nem tanto

por Victor Hugo Furtado

Enquanto os estúdios hollywoodianos estiverem lucrando com as releituras de antigos contos de fadas como: “Alice no País das Maravilhas”, “Branca de Neve e o Caçador” e outras grandes bilheterias dos últimos anos, obviamente, ainda veremos mais alguns filmes como: “Malévola”.

Ainda criança, Malévola conhece Stefan (Sharlto Copley), um humano que conquista o seu coração, mas os dois não podem ficar juntos devido à ganância do rapaz. Passam-se muitos anos, e o Rei Henry (Kenneth Cranham) declara guerra ao reino de Malévola, dizendo que quem a matar será o novo Rei.

Stefan, então, aproveita-se da relação que tivera com a fada e tenta matá-la, embora consiga apenas retirar as suas asas. Com esse acontecimento, Malévola torna-se amargurada e jura vingança ao novo Rei, e lança um feitiço para a sua filha, Aurora (Elle Fanning), que só será salva se beijada pelo amor verdadeiro.

Como estreante na direção, Robert Stromberg faz bem o que se espera, uma grande imaginação produtiva, com personagens visualmente muito carismáticos e que agradam ao decorrer da trama, mas que por si só, não sustentam um roteiro com furos de garrucha.

O elenco realmente não é de se jogar fora, pelo contrário, Elle Fanning, não tão talentosa quanto sua irmã Dakota, tem desempenho razoável como Aurora diante do clichê “princesa”. O Rei, pai de Aurora, interpretado pelo também bom ator, Sharlto Copley (Elysium), transcende muito bem a iniciativa “louca obsessão”.

Angelina Jolie, como já se espera, sustenta com maestria sua personagem e convence o espectador naquilo que lhe é proposto e, aliás, com carisma, o que em teoria não se espera de uma vilã.

As asas de Malévola, motivo que dá rumo ao filme, foram bem pensadas, não só por criar um universo visual bonito e criativo, mas também por fazer a cena mais interessante e digamos “tocante” do filme, quando Malévola, as perde. SPOILER! Isso, se ela não tivesse recebido elas de volta no fim do filme, gerando um completo senso do ridículo, em um filme em que o diretor não sabe nem pra onde atira na hora de acertar o público-alvo.

Ora! Durante o filme todo ele tenta convencer o público adulto de que Malévola pode ser uma história interessante e cativante, e por fim, cai numa pieguice de “final feliz”, que nem as crianças do séc. XXI acreditam mais.

A empreitada “Malévola”, termina por ser uma tentativa interessante, sem muitos motivos existenciais, não sai da mesmice, e que por fim, falha de maneira quase vergonhosa. Mas as crianças vão gostar.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Crítica | X-Men – Dias de Um Futuro Esquecido

por Victor Hugo Furtado

É difícil acreditar que um filme que conta com atores do porte de Patrick Stewart, Ian Mckellen, Michael Fassbender e James McVoy possa ser considerado um fracasso. Ok, está longe de ser um fracasso, porém não é mais do que... bom.

A mais nova empreitada da franquia X-Men, desta vez cria um novo universo que em primeira instância, desperta uma grande curiosidade de como conciliar duas metades. Ele ocorre em duas épocas diferentes, o que significa duas equipes diferentes de mutantes lutando para salvar a humanidade em seus próprios caminhos, em dois elencos diferentes.

Em um futuro esquecido - como o nome do filme já diz - para evitar o extermínio dos mutantes, que são caçados pelos Sentinelas, robôs emblemáticos nos quadrinhos, desenvolvidos por Bolívar Trask (Peter Dinklage), Wolverine embarca em uma viagem no tempo com a missão de procurar Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) com o intuito de, juntos, mudar o rumo da história.

No futuro, para escapar da morte, os poucos mutantes sobreviventes precisam concentrar suas forças para proteger Wolverine, que tem seu corpo em repouso, para uma espécie de regressão misturada com viagem presencial no tempo, mais especificamente em 1973, quando ainda não tinha passado pela traumática experiência da Arma-X. “Quer dizer que ele ainda não tinha as ‘garras’?!”, não, não tinha, e isso dificultará muito as coisas.

Elencos notórios como já citados, acabam por se sustentar no herói canadense, que por fim, acaba sempre sendo o personagem mais interessante. Interessante não somente por se tratar de um herói com uma história mais triste do que a maioria, mas também por ser interpretado por um ator que realmente entende o peso e as características do mutante banhado em adamantium. Nota 10 pra Hugh Jackman como sempre.

Calma, esse não é um filme sobre o Wolverine, mas ele acaba por se tornar o personagem mais importante da história como sempre, por ter mais capacidades físicas e psicológicas do que os demais mutantes da trama.

Legal, Wolverine quebrando tudo, se sacrificando pelos outros como de costume, história interessante, mas o erro começa onde mesmo? No momento em que se percebe que Dias de Um Futuro Esquecido parece ter nascido da ideia de corrigir antigos erros de roteiro.

Bryan Singer não ignora por completo X3 (2006), porque mostra uns dois segundos do filme em meio à trama que revela o passado de Wolverine, pois de resto, só faltou escrever no fim dos créditos algo do tipo: “Caso alguém não tenha entendido meu roteiro, os filmes que eu não dirigi... não valem”. Ao final do filme, muita coisa da trilogia que compreende 1999 – 2006 se perde, e parece não ter existido. Uma falha quase que patética.

X-Men - Dias de Um Futuro é um filme que vale a pena ser visto, não é melhor do que X-Men - Primeira Classe, mas deixa o espectador com muita vontade de ver o próximo filme que estreia em 2016. Ah! Não saia do cinema antes do fim dos créditos.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Crítica | Praia do Futuro: Muito além da polêmica

por Dáphine Ponte

Karim Aïnouz é, sem dúvida, um dos maiores expoentes do cinema nacional. O cearense de origem libanesa radicado em Brasília é conhecido por dirigir filmes como Madame Satã (2002) e O céu de Suely (2006) e escrever o roteiro de filmes como Abril despedaçado (2001) e Cinema, aspirinas e urubus (2005). Obras que fizeram com que o cinema brasileiro tenha uma nova estética.

Karim lançou este ano Praia do Futuro, uma produção alemã e brasileira, ambientada, em parte, na famosa praia de mesmo nome que existe aqui em Fortaleza. Dividida em três atos, a trama conta a história do salva-vidas Donato (Wagner Moura, A busca), um sujeito introspectivo que começa a questionar o sentido de sua vida e de seu trabalho depois não conseguir salvar o homem de um afogamento, tanto que chega a desabafar com seu irmão mais novo Ayrton (o menino Sávio Ygor Ramos) sobre como seria a sua vida caso Donato morresse ou fosse embora.

O salva-vidas se sente tão culpado por não ter conseguido salvar o homem que faz questão de avisar a Konrad (Clemens Schick, 007 – Casino Royale), piloto de motocross que era amigo ou provável amante do homem que faleceu. Donato ainda oferece uma carona para o alemão e a partir daí, os dois iniciam um caso fazendo com que o salva-vidas largue trabalho e família para viver um romance com o piloto em Berlim.

Anos depois, Ayrton (interpretado nesta fase pelo promissor Jesuíta Barbosa, Tatuagem) vai até a Alemanha atrás do irmão para uma espécie de acerto de contas. Para ele, Donato é um egoísta que sumiu no mundo sem dar satisfação à família e os largou sem dar notícias.

O que pude perceber no personagem principal é que ele demonstrava se sentir preso e sufocado com a vida que ele tinha, sofrendo com uma crise existencial. Donato se isolava ainda mais das pessoas e falava muito baixo quando alguém se dirigia a ele. Nos primeiros atos da trama, Donato parecia ainda estar buscando identificação, um lugar para se encontrar. Como se fosse um peixe fora d’água.

Pude perceber também a clara referência a elementos da cultura pop, como os letreiros colorido, a trilha sonora com a música Heroes do David Bowie para remeter às cenas que a personagem Ayrton chamava seu irmão de Aquaman, por este saber nadar e ter contato com o mar e se autodenominava Speed Racer. No anime do corredor, seu irmão mais velho, Rex Racer, tramava a própria morte para manter Speed e sua família a salvo, retornando anos depois com uma nova identidade, o Corredor X. É como se Donato fosse Rex e abandonasse a família para reencontrar Ayrton totalmente diferente.

Praia do Futuro é uma ótima trama, com uma boa fotografia, tipicamente utilizada nos filmes de Aïnouz, mas peca pelos cortes entre os atos. Há cenas em que você os personagens principais em uma certa situação e no segundo ato, já estão em outra sem ter a menor explicação de como tudo foi parar ali, fazendo com que o espectador tenha de adivinhar como aconteceu aquilo.

Praia do Futuro foi anunciado como um filme polêmico por ter cenas de sexo entre dois homens (um militar e um piloto de motocross) e muita nudez. Confesso que não vi nada demais. As cenas que mostravam Donato e Konrad juntos me pareceu mais as cenas do cotidiano de qualquer casal que está começando a ficar junto. É como o próprio ator Wagner Moura disse: “É um filme que vai além da sexualidade”. Vai muito além da sexualidade, vai além das escolhas que nós fazemos em nossas vidas, para mim, é um filme que mostra que temos de abdicar de certas coisas para resolvermos nossas vidas e ficarmos bem.



quinta-feira, 1 de maio de 2014

Crítica | O Espetacular Homem-Aranha 2 – A Ameaça de Electro: É tempo de mudar

por Victor Hugo Furtado

Quando anunciado que Andrew Garfield seria o novo Homem-Aranha da Sony, eu já me manifestava a favor da nova trilogia. O ator americano que diversas vezes expressou cumplicidade e amor pelo personagem o qual nutre admiração desde criança, já dava motivos para ser encarado como um cabeça de teia de verdade.

Qual fã do Homem-Aranha não se lembra da declaração de Tobey Maguire quando disse nunca ter lido um gibi do herói quando jovem, e sim, somente quando esteve a beira de interpretá-lo. Ora, essa declaração beira o insulto para com os fãs.



Mas, os tempos são outros, alegorias de menos, estilo demais! Diretamente influenciado pelo “Universo Ultimate”, apesar de levar o nome do clássico dos anos 1960, o Aranha de Garfield bem que tropeçou no primeiro filme, sendo difícil defendê-lo, não por ele, mas pelos furos de roteiro, que mais confundiam os espectadores, do que os divertiam.

Se no primeiro ele pecou, no segundo melhorou... e muito! O Espetacular Homem-Aranha 2 é um ótimo filme de super-herói, digno da força heterogênea de um dos heróis mas amados do mundo. Fica claro que o público alvo da trilogia são as crianças e os adolescentes, mas é justamente aí que ele acerta. A tendência séria dos novos filmes não cabe nesse herói, o Homem-Aranha nunca foi sério, e nunca será.

Andrew Garfield consegue transmitir com leveza e fidelidade o ar juvenil característico desta versão. O Aranha engraçado mais uma vez marca presença, com sacadas bem-humoradas e piruetas com cambalhotas pastelão.

Com lindos efeitos especiais, que aliados ao 3D, dão um tom de regressão aos mais velhos, tornando-os crianças novamente. O blockbuster possui cenas de ação muito boas que exploram bem a capacidade do imaginativo.

Com Pharrel Williams, Coldplay e Hans Zimmer mais eletrônico do que nunca, a trilha está novamente empolgante para a parte jovem do cinema, isto é, pode não agradar a todos.

Com inevitáveis comparações, a trilogia de Marc Webb muda os vilões e vira de ponta-cabeça todo o roteiro que foi descrito na trilogia de Sam Raimi. O Espetacular Homem-Aranha 2, com o reforço de seu primeiro, surge como uma promissora franquia que provavelmente desbancará a de Tobey “sem graça” Maguire. Assim espero.






sexta-feira, 11 de abril de 2014

Varilux 2014 - Crítica | Eu, Mamãe e os Meninos: De cara limpa, o autor conta sua própria história

por Victor Hugo Furtado

Além de ser um dos destaques do Festival Varilux de Cinema Francês 2014, Eu, Mamãe e os Meninos é um dos longas do festival que mais carrega simbolismos e metáforas.

O longa de Guillaume Gallienne, que conta com cinco prêmios César (Oscar do cinema francês) e 2,3 milhões de espectadores, é uma tragi-comédia, que de maneira pouco convencional, fala da questão da orientação sexual diante dos laços familiares.

Eu, Mamãe e os Meninos, que tem como origem um monólogo autobiográfico teatral de Gallienne, é retomado agora com maior ambição na narrativa em seu primeiro projeto como diretor de cinema.

Ora triste, ora engraçadíssimo, de cara limpa, o autor conta sua própria história, marcada pelo conflito de identidade sexual que viveu na infância e na juventude.

De maneira ímpar, interpretando a si e sua mãe, Guillaume, de 42 anos, mostra seu brilhantismo como polivalente dramaturgo Frances, na trama que apesar de familiar, apresenta um “estudo” interessante e por vezes complexo da percepção de aceitar sua natureza sexual sem “ofender” o conservadorismo. Guillaume não sabe se é uma menina que gosta de meninos ou se é um menino que gosta de outros meninos.

O termo complexo serve perfeitamente na confusa explicação, quando o filme vai se encaixando e junto com ele, a cabeça do protagonista.

Descobrir qual é a sua identidade sexual, é alma da história, afinal, destaca o filme, faz parte do amadurecimento e das escolhas libertárias do ser humano inserido num contexto familiar, que como se mostra bem, pode ser bem complicado.

Eu, Mamãe e os Meninos, é um filme muito interessante, engraçado e comovente, que é muito recomendado para meninos ou meninas, que ainda não sabem o que querem.




quinta-feira, 10 de abril de 2014

Crítica | Capitão América – O Soldado Invernal: Um oficial de respeito

por Victor Hugo Furtado

Não apenas carregado de ação, mas sim com grande intensidade ideológica e existencial, Capitão América: O Soldado Invernal é um dos, se não o melhor filme da MARVEL nos cinemas até o momento.

A fase 2 da Marvel nos cinemas, como assim chamada, tem aberto um leque de possibilidades para os diretores responsáveis. Anthony Russo e Joe Russo, assim como Alan Taylor em Thor: O Mundo Sombrio têm a oportunidade de expandir o universo particular dos heróis.

Assim, a MARVEL não fica refém de filmes como Os Vingadores, onde o espetáculo se concentra num time, a tática então é: aumentar o prestígio individual de cada personagem, para que então todos tenham seu grand finale reunidos contra a tal ameaça existente. 



Apenas em O Soldado Invernal, Nick Fury, o próprio antagonista: Bucky Barnes e o novo herói, Falcon, se mostram capazes de sustentar um eixo de equilíbrio durante as tramas que se seguem.

O longa, recheado do que mais se pode esperar de um filme de herói – gênero que por vezes falha – dá exemplo de cenas de combate, uma, seguida de outra melhor.

Até o momento, em quesito Luta/Combate será difícil algum filme de super herói desbancar esse. Aplausos para Chris Evans, que lutou – claro, com ajuda de seu fiel dublê – como uma incrível mistura técnica de artes marciais mescladas sem perder a intensidade no olhar e a capacidade interpretativa do Oficial Rogers.

A ideia de inserir o magnífico Robert Redford e dar ao Capitão América um quê de Three Days of The Condor foi nítida, e que por sinal, deu muito certo em meio à trama que disfarçava com classe a complexidade da invasão Hydra.

Capitão América: O Soldado Invernal é divertido e o melhor lançamento de um herói “solo” do Marvel Studios desde o primeiro Homem de Ferro.
 

sexta-feira, 28 de março de 2014

Crítica | Rio 2: Abrace os estereótipos!

Por Victor Hugo Furtado

Superior ao primeiro, com mais história e menos inserção de contexto, a animação “Rio 2” sai na frente, despontando como uma das melhores do ano. As ararinhas azuis, Blu e Jade, agora vivem com seus três filhotes Bia, Tiago e Carla no jardim da casa dos humanos Linda e Túlio.

Em sua primeira metade, as araras azuis vivem ao ar livre e são famosas por serem consideradas as últimas da espécie. Tudo muda quando os protetores, Linda e Tulio, avistam em uma missão na Amazônia, outra arara azul.

Decidida a descobrir se existem mais de sua espécie, Jade obriga Blu a viajar com ela para a Amazônia, levando com eles os três filhotes e deixando o Rio de Janeiro. Na expedição vão também as aves já conhecidas Nico e Pedro, dupla carioca apresentada no primeiro filme.

Apesar de se perder o título, pois menos de 15 minutos do filme se passam no Rio de Janeiro, a viagem fez bem. Levando o filme para a floresta Amazônica, o diretor brasileiro Carlos Saldanha aumenta seu poderio estético, com uma gama de cores e luzes aliada ao poder da magia 3D, encantam até os adultos, que dirá as crianças.

Em principio já se percebe uma fuga do repetitivo, pois diferente do primeiro filme, esse apresenta os estereótipos brasileiros de maneira mais leve, tenta ter sucesso de diversas maneiras, e consegue um pouco em cada uma.

Se o espectador é daqueles saudosistas de sobrenome europeu, provavelmente se ofenderá com a chamada “guerra” no filme, quando parece que o confronto entre as araras azuis e vermelhas partirá para uma briga de bico e asa e alguma violência, ele foge com classe pra uma empolgante partida de... futebol! é claro.

Se o elenco já era de muita qualidade, ele contou com dois grandes acréscimos, o talentoso cantor pop e multifacetado Bruno Mars, e o inabalável e charmosão ator, Andy García, ambos em papel de destaque.

“Rio 2” é uma excelente animação para crianças e adultos, com novos personagens, bem elaborados e que se encaixam bem na narrativa, longa divertido e que acima de tudo valoriza e consolida nossa cultura.



domingo, 23 de fevereiro de 2014

Crítica | RoboCop: Politicamente educativo

por Victor Hugo Furtado

Diferente do RoboCop (1987) de Paul Verhoeven, ao que tudo indica, o policial robô de José Padilha não fará história, pelo menos para Hollywood. Aguardado pelo público e pela crítica, não apenas por se tratar da estreia de um diretor brasileiro nos comandos de um blockbuster milionário, mas também por resgatar um personagem emblemático dos anos 1980.

A grande questão levantada desde o momento em que o diretor brasileiro foi anunciado como diretor do remake, era se ele conseguiria imprimir o seu jeito tão particular em um filme que, pela lei hollywoodiana, deve "se pagar" e ainda gerar um lucro significativo, pois sem dos quais, ainda segundo essa, torna-se um fracasso.

robocopA resposta dessas questões foi respondida em alto e bom som, com frases de efeito, roteiro inteligente e sátiras bem armadas. Quem viu Tropa de Elite 1 e 2, não precisou nem dos créditos finais de RoboCop para constatar a presença singular do diretor brasileiro na trama policial-futurista.

O mesmo diretor que pôs em cheque a polícia, o governo e a omissão popular em seus filmes muito particulares feitos em terra macunaíma, põe numa nova mesa - de 130 milhões de reais - uma nova discussão: o uso da tecnologia no combate ao crime organizado.

Assim como nos "Tropas", Padilha insere diversos pontos de discussão em meio a trama central, como o marketing populista, a imprensa manipuladora, e a polícia como foco de esperança em dias melhores dados seus métodos mais ímpares, mas ao mesmo tempo não escolhe seu ponto de vista, deixando a critério do espectador.

O filme de Padilha é mais politico, diferente do de Verhoeven, que era mais filosófico e arrasa-quarteirão. Ele pode realmente ser levado a sério e como elemento vivo de discussão, afinal em quanto tempo estaremos abordando esses temas?

Em sua estreia, José Padilha teve desempenho invejável, e assim como seus outros filmes, é muito recomendado. Ao contrário do que se pensa, não é bem o tipo de filme recomendado para crianças, pois seus assuntos e as formas de mostrar o correto, são muito implícitas e ao mesmo tempo interpretativas. Segundo o próprio Padilha, RoboCop não é Homem de Ferro, e sim Frankenstein.






quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Crítica | Ela: Romance em um um futuro não muito distante

por Dáphine Ponte

Spike Jonze iniciou sua carreira como diretor de videoclipes de artistas como Björk, The Chemical Brothers e Yeah Yeah Yeahs. Estreou na direção em 1999 com a comédia incomum Quero ser John Malkovich, que conta a história de um homem que entra na mente de John Malkovich por quinze minutos, podendo ver o mundo com os olhos do ator. 

A tecnologia está cada vez mais presente no nosso cotidiano. Desde a invenção dos computadores pessoais a smartphones com aplicativos e gadgets que, praticamente, fazem de um tudo com um toque ou reconhecimento de voz. Temos como exemplo o Siri, aplicativo do iOS que usa processamento de linguagem natural para responder perguntas, fazer recomendações, e executar ações. Como se fosse uma secretária em seu smartphone auxiliando as pessoas em seus compromissos em tempo integral. Agora imaginem se desenvolvessem um sistema operacional com inteligência artificial e conversasse com você como se fosse uma pessoa, disposta a resolver seus problemas e quem sabe, ter um relacionamento amigável?

Em Ela (Her, 2013) isso é possível. A trama se passa em um futuro não muito distante onde a tecnologia está em toda parte. O protagonista, o escritor Theodore (Joaquin Phoenix, O mestre) trabalha em um serviço de cartas escritas à mão. Veja que as pessoas não quiseram acabar com o velho hábito de mandar cartas uns aos outros, mas pagam para outras pessoas escreverem, fazendo com que se alarguem ainda mais as distâncias. Recursos feitos no computador como apagar arquivos e corrigir palavras são realizados por reconhecimento de voz. Theodore é conhecido em seu trabalho por escrever lindas cartas e ter muita sensibilidade. Apesar disto, Theodore é um homem solitário e infeliz que se separou recentemente da esposa (Rooney Mara, Terapia de Risco). Ele passa os dias em sua casa jogando videogame em que um dos personagens é dublado pelo diretor, Spike Jonze, e fazendo sexo virtual em salas de bate-papo.

Theodore tem um casal de amigos, Charles e Amy, interpretados por Matthew Letscher e Amy Adams, respectivamente. Seus únicos amigos, aliás. Amy trabalha criando jogos e quando tem tempo, se dedica a um documentário. De início, percebemos que o casal não parece estar bem no relacionamento. Em uma cena em que Amy mostra uma das partes de seu documentário, Charles diz o que é melhor para ela fazer e os dois começam a brigar.

Um dia, o escritor vê a propaganda de um novo sistema operacional, o OS 1, que possui inteligência artificial, fazendo com que se adapte ao seu usuário. O SO de Theodore tem voz feminina chamada Samantha (Scarlett Johansson, Como Não Perder Essa Mulher) que, inicialmente, organiza e-mails e corrige erros nas cartas que Theodore escreve. Aos poucos, Theodore desenvolve uma relação de amizade com Samantha, conversando sobre outras coisas, como as impressões dela sobre o mundo ao invés de apenas dizer o que ele tem de fazer. 


Em uma noite, Theodore está chateado com o encontro que não deu certo. A mulher com quem ele saiu (Olivia Wilde) já demonstrou o interesse por um relacionamento mais duradouro e fez cobranças. Isso no primeiro encontro. Samantha confessa a Theodore que queria estar com ele. A partir daí, os dois começam a ter um relacionamento. Um relacionamento diferente, mas continua sendo um relacionamento com as cobranças, as preocupações, os medos, os planos e as falhas de um relacionamento entre pessoas.

A fotografia do filme ficou por conta do alemão Hoyte van Hoytema que utilizou cores diferentes em diversas situações. Tons pasteis são vistos em cenas em que Theodore está com Samantha conversando na rua ou no campo e tons de cinza e azul-escuro quando Theodore está em sua rotina solitária ou conversando com Samantha antes de dormir.

Assisti a esse filme achando que o protagonista iria se apaixonar apenas pela voz do sistema operacional como vi em uma matéria em que pessoas vão no Google Tradutor, digitam a frase “Eu te amo”, por exemplo, e passam a ouvir várias vezes com a conhecida voz do serviço de tradução. Ela torna tudo isso mais complexo quando mostra um sistema operacional sem face ou corpo capaz de sentir e expor seus sentimentos, chegando a se apaixonar por um homem. Acredito que Scarlett Johansson fazendo a voz de Samantha esteja em sua melhor “atuação”. Sua voz é tão marcante que faz com que pensem que Samantha está ao lado de Theodore, como ela comenta em uma cena.

O filme também mostra como a tecnologia une ainda mais as pessoas ao mesmo tempo que as afasta. Podemos ver várias pessoas conversando com seus sistemas operacionais juntas em um mesmo lugar, mas isoladas em seus mundos particulares. 

sábado, 25 de janeiro de 2014

Crítica | O Lobo de Wall Street: Eu compraria aquela caneta

por Victor Hugo Furtado

Imprimindo um ritmo raro de diálogos memoráveis, O Lobo de Wall Street se configura como um dos melhores filmes da carreira do brilhante cineasta Martin Scorsese (que dirá da dobradinha com DiCaprio), mostrando no longa de 2013, que até escorrega com A Invenção de Hugo Cabret, mas tem toda a capacidade, apoio e vontade de continuar sendo um dos maiores cineastas de todos os tempos em sua plena forma.

Durante seis meses, Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) trabalhou duro em uma corretora de Wall Street, seguindo os ensinamentos de seu mentor Mark Hanna (Matthew McConaughey).

Quando finalmente consegue ser contratado como corretor, acontece o Black Monday, que faz com que as bolsas de vários países caiam repentinamente. Sem emprego e com uma ambição fora do padrão que se pode considerar normal, ele acaba trabalhando para uma empresa de fundo de quintal que lida com papéis de baixo valor, que não estão na bolsa de valores.



É lá que o personagem jovem e moderno à moda antiga tem a ideia de montar uma empresa focada neste tipo de negócio, cujas vendas são de valores mais baixos mas, em compensação, o retorno para o corretor é bem mais vantajoso. Ao lado de Donnie (Jonah Hill) e outros amigos dos velhos tempos, ele cria a Stratton Oakmont, uma empresa que faz com que todos enriqueçam rapidamente e, também, levem uma vida dedicada ao prazer.

A grande verdade é que essas cenas de “prazer”, com atores desnudos, dinheiro sendo gasto como areia no deserto, luxúria, drogas e piadas desenfreadas da vida contemporânea feitas por Belfort e sua trupe, não ofendem o espectador, de tão cativantes e espontâneas que conseguem ser. 



Podemos afirmar com toda certeza que Leonardo DiCaprio nasceu para atuar neste tipo de comédia, fazendo no longa, uma dupla impecável com Jonah Hill, proporcionando um encontro de dois oriundos das últimas duas gerações de grandes atores norte-americanos.

Além das caras e bocas e a grande capacidade de narrativa, o que mais impressiona na atuação de DiCaprio são os discursos motivacionais para a empresa, com jeito de pastor evangélico e uma paixão excessiva impressionante, ele convence inclusive o espectador, que obviamente reconhece a farsa.

Um elenco invejável, que ainda conta com a curta e hilária participação de Matthew McConaughey e Margot Robbie em uma atuação maravilhosa como a esposa de Jordan.

O Lobo de Wall Street, apesar de ter três horas, é tranquilo, engraçado, criativo e cativante de assistir. Isso se você não for um puritano e politicamente-correto que se incomoda com cenas de drogas e prostitutas.