quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Crítica | TRASH: A Esperança vem do Lixo

por Victor Hugo Furtado

Inspirado no romance homônimo do escritor britânico Andy Mulligan, trata da história de Rafael (Rickson Tevez) e Gardo (Eduardo Luís), dois garotos de 14 anos que vivem como catadores de um lixão e moram numa palafita. Certo dia, Rafael encontra uma carteira que pertenceu a José Ângelo (Wagner Moura). Pega o dinheiro, divide-o com o amigo e resolve guardá-la.

Quando a polícia vai até o lugar, os dois entendem que existe algo maior naquele caso e convidam Rato (Gabriel Weinstein), um menino que vive no esgoto, para ajudá-los a descobrir o mistério. A aventura os leva a um segredo que vai afetar a vida de boa parte do Rio de Janeiro.

O interessante de “TRASH”, é que a narrativa poderia ser exportada para qualquer país emergente ou de pouco poder burguês, ou simplesmente em países de um sistema de corrupção de conhecida identidade. Três garotos abaixo da linha da pobreza, que encaram algo maior do que suas pequenas compreensões, e que mirabolantemente escapam da morte diversas vezes, na maioria delas, com a força da inocência.

Estes garotos, diferente dos demais filmes que envolvem crianças, que não deixam na maioria das vezes sua assinatura, conquistam logo de cara o espectador, eu diria até, mais do que em “Cidade de Deus”, onde a atuação dos mais de 30 meninos muda o rumo da história, mas que não se guarda grande lembrança de algum deles - menos Douglas silva, esse sim é lembrado.


Estrelas maiores do Pôster do filme, Wagner Moura e Selton Mello chegam a lembrar Brad Pitt na distribuição de “Doze Anos de Escravidão” na Itália, juntos, fazem parte de não mais do que 30 minutos do longa, de mais de duas horas. Ao que se é proposto para as estrelas de luxo brasileiras, é preciso salientar que os dois discorrem com certa perfeição, dadas as interpretações.

A Já conhecida e queridinha por muitos no meio cinematográfico, Rooney Mara (Os Homens que não Amavam as Mulheres) termina por ser quase que desperdiçada, concentrando-se em apenas uma ou duas cenas “agua com açúcar”. A estrela maior, Martin Sheen, dá vida a um personagem típico do que podemos chamar de experiente, aparece pouco, com certa intensidade, mas que não chega a mudar os rumos da história.

TRASH é o nosso “Quem quer ser um Milionário”, bom filme, com ótima direção do britânico Stephen Daldry (“Billy Elliot”, “As horas”, “O leitor”), que já fora indicado ao Oscar em três oportunidades, e é justamente isso, que fará brilhar os olhos do brasileiro. Se não conseguimos infelizmente com nossas mãos, conseguiremos com uma ajudinha amiga.

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