Diferente do RoboCop (1987) de Paul Verhoeven, ao que tudo indica, o policial robô de José Padilha não fará história, pelo menos para Hollywood. Aguardado pelo público e pela crítica, não apenas por se tratar da estreia de um diretor brasileiro nos comandos de um blockbuster milionário, mas também por resgatar um personagem emblemático dos anos 1980.
A grande questão levantada desde o momento em que o diretor brasileiro foi anunciado como diretor do remake, era se ele conseguiria imprimir o seu jeito tão particular em um filme que, pela lei hollywoodiana, deve "se pagar" e ainda gerar um lucro significativo, pois sem dos quais, ainda segundo essa, torna-se um fracasso.

O mesmo diretor que pôs em cheque a polícia, o governo e a omissão popular em seus filmes muito particulares feitos em terra macunaíma, põe numa nova mesa - de 130 milhões de reais - uma nova discussão: o uso da tecnologia no combate ao crime organizado.
Assim como nos "Tropas", Padilha insere diversos pontos de discussão em meio a trama central, como o marketing populista, a imprensa manipuladora, e a polícia como foco de esperança em dias melhores dados seus métodos mais ímpares, mas ao mesmo tempo não escolhe seu ponto de vista, deixando a critério do espectador.
O filme de Padilha é mais politico, diferente do de Verhoeven, que era mais filosófico e arrasa-quarteirão. Ele pode realmente ser levado a sério e como elemento vivo de discussão, afinal em quanto tempo estaremos abordando esses temas?
Em sua estreia, José Padilha teve desempenho invejável, e assim como seus outros filmes, é muito recomendado. Ao contrário do que se pensa, não é bem o tipo de filme recomendado para crianças, pois seus assuntos e as formas de mostrar o correto, são muito implícitas e ao mesmo tempo interpretativas. Segundo o próprio Padilha, RoboCop não é Homem de Ferro, e sim Frankenstein.
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