quinta-feira, 29 de maio de 2014

Crítica | Malévola: Grande atriz, roteiro nem tanto

por Victor Hugo Furtado

Enquanto os estúdios hollywoodianos estiverem lucrando com as releituras de antigos contos de fadas como: “Alice no País das Maravilhas”, “Branca de Neve e o Caçador” e outras grandes bilheterias dos últimos anos, obviamente, ainda veremos mais alguns filmes como: “Malévola”.

Ainda criança, Malévola conhece Stefan (Sharlto Copley), um humano que conquista o seu coração, mas os dois não podem ficar juntos devido à ganância do rapaz. Passam-se muitos anos, e o Rei Henry (Kenneth Cranham) declara guerra ao reino de Malévola, dizendo que quem a matar será o novo Rei.

Stefan, então, aproveita-se da relação que tivera com a fada e tenta matá-la, embora consiga apenas retirar as suas asas. Com esse acontecimento, Malévola torna-se amargurada e jura vingança ao novo Rei, e lança um feitiço para a sua filha, Aurora (Elle Fanning), que só será salva se beijada pelo amor verdadeiro.

Como estreante na direção, Robert Stromberg faz bem o que se espera, uma grande imaginação produtiva, com personagens visualmente muito carismáticos e que agradam ao decorrer da trama, mas que por si só, não sustentam um roteiro com furos de garrucha.

O elenco realmente não é de se jogar fora, pelo contrário, Elle Fanning, não tão talentosa quanto sua irmã Dakota, tem desempenho razoável como Aurora diante do clichê “princesa”. O Rei, pai de Aurora, interpretado pelo também bom ator, Sharlto Copley (Elysium), transcende muito bem a iniciativa “louca obsessão”.

Angelina Jolie, como já se espera, sustenta com maestria sua personagem e convence o espectador naquilo que lhe é proposto e, aliás, com carisma, o que em teoria não se espera de uma vilã.

As asas de Malévola, motivo que dá rumo ao filme, foram bem pensadas, não só por criar um universo visual bonito e criativo, mas também por fazer a cena mais interessante e digamos “tocante” do filme, quando Malévola, as perde. SPOILER! Isso, se ela não tivesse recebido elas de volta no fim do filme, gerando um completo senso do ridículo, em um filme em que o diretor não sabe nem pra onde atira na hora de acertar o público-alvo.

Ora! Durante o filme todo ele tenta convencer o público adulto de que Malévola pode ser uma história interessante e cativante, e por fim, cai numa pieguice de “final feliz”, que nem as crianças do séc. XXI acreditam mais.

A empreitada “Malévola”, termina por ser uma tentativa interessante, sem muitos motivos existenciais, não sai da mesmice, e que por fim, falha de maneira quase vergonhosa. Mas as crianças vão gostar.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Crítica | X-Men – Dias de Um Futuro Esquecido

por Victor Hugo Furtado

É difícil acreditar que um filme que conta com atores do porte de Patrick Stewart, Ian Mckellen, Michael Fassbender e James McVoy possa ser considerado um fracasso. Ok, está longe de ser um fracasso, porém não é mais do que... bom.

A mais nova empreitada da franquia X-Men, desta vez cria um novo universo que em primeira instância, desperta uma grande curiosidade de como conciliar duas metades. Ele ocorre em duas épocas diferentes, o que significa duas equipes diferentes de mutantes lutando para salvar a humanidade em seus próprios caminhos, em dois elencos diferentes.

Em um futuro esquecido - como o nome do filme já diz - para evitar o extermínio dos mutantes, que são caçados pelos Sentinelas, robôs emblemáticos nos quadrinhos, desenvolvidos por Bolívar Trask (Peter Dinklage), Wolverine embarca em uma viagem no tempo com a missão de procurar Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) com o intuito de, juntos, mudar o rumo da história.

No futuro, para escapar da morte, os poucos mutantes sobreviventes precisam concentrar suas forças para proteger Wolverine, que tem seu corpo em repouso, para uma espécie de regressão misturada com viagem presencial no tempo, mais especificamente em 1973, quando ainda não tinha passado pela traumática experiência da Arma-X. “Quer dizer que ele ainda não tinha as ‘garras’?!”, não, não tinha, e isso dificultará muito as coisas.

Elencos notórios como já citados, acabam por se sustentar no herói canadense, que por fim, acaba sempre sendo o personagem mais interessante. Interessante não somente por se tratar de um herói com uma história mais triste do que a maioria, mas também por ser interpretado por um ator que realmente entende o peso e as características do mutante banhado em adamantium. Nota 10 pra Hugh Jackman como sempre.

Calma, esse não é um filme sobre o Wolverine, mas ele acaba por se tornar o personagem mais importante da história como sempre, por ter mais capacidades físicas e psicológicas do que os demais mutantes da trama.

Legal, Wolverine quebrando tudo, se sacrificando pelos outros como de costume, história interessante, mas o erro começa onde mesmo? No momento em que se percebe que Dias de Um Futuro Esquecido parece ter nascido da ideia de corrigir antigos erros de roteiro.

Bryan Singer não ignora por completo X3 (2006), porque mostra uns dois segundos do filme em meio à trama que revela o passado de Wolverine, pois de resto, só faltou escrever no fim dos créditos algo do tipo: “Caso alguém não tenha entendido meu roteiro, os filmes que eu não dirigi... não valem”. Ao final do filme, muita coisa da trilogia que compreende 1999 – 2006 se perde, e parece não ter existido. Uma falha quase que patética.

X-Men - Dias de Um Futuro é um filme que vale a pena ser visto, não é melhor do que X-Men - Primeira Classe, mas deixa o espectador com muita vontade de ver o próximo filme que estreia em 2016. Ah! Não saia do cinema antes do fim dos créditos.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Crítica | Praia do Futuro: Muito além da polêmica

por Dáphine Ponte

Karim Aïnouz é, sem dúvida, um dos maiores expoentes do cinema nacional. O cearense de origem libanesa radicado em Brasília é conhecido por dirigir filmes como Madame Satã (2002) e O céu de Suely (2006) e escrever o roteiro de filmes como Abril despedaçado (2001) e Cinema, aspirinas e urubus (2005). Obras que fizeram com que o cinema brasileiro tenha uma nova estética.

Karim lançou este ano Praia do Futuro, uma produção alemã e brasileira, ambientada, em parte, na famosa praia de mesmo nome que existe aqui em Fortaleza. Dividida em três atos, a trama conta a história do salva-vidas Donato (Wagner Moura, A busca), um sujeito introspectivo que começa a questionar o sentido de sua vida e de seu trabalho depois não conseguir salvar o homem de um afogamento, tanto que chega a desabafar com seu irmão mais novo Ayrton (o menino Sávio Ygor Ramos) sobre como seria a sua vida caso Donato morresse ou fosse embora.

O salva-vidas se sente tão culpado por não ter conseguido salvar o homem que faz questão de avisar a Konrad (Clemens Schick, 007 – Casino Royale), piloto de motocross que era amigo ou provável amante do homem que faleceu. Donato ainda oferece uma carona para o alemão e a partir daí, os dois iniciam um caso fazendo com que o salva-vidas largue trabalho e família para viver um romance com o piloto em Berlim.

Anos depois, Ayrton (interpretado nesta fase pelo promissor Jesuíta Barbosa, Tatuagem) vai até a Alemanha atrás do irmão para uma espécie de acerto de contas. Para ele, Donato é um egoísta que sumiu no mundo sem dar satisfação à família e os largou sem dar notícias.

O que pude perceber no personagem principal é que ele demonstrava se sentir preso e sufocado com a vida que ele tinha, sofrendo com uma crise existencial. Donato se isolava ainda mais das pessoas e falava muito baixo quando alguém se dirigia a ele. Nos primeiros atos da trama, Donato parecia ainda estar buscando identificação, um lugar para se encontrar. Como se fosse um peixe fora d’água.

Pude perceber também a clara referência a elementos da cultura pop, como os letreiros colorido, a trilha sonora com a música Heroes do David Bowie para remeter às cenas que a personagem Ayrton chamava seu irmão de Aquaman, por este saber nadar e ter contato com o mar e se autodenominava Speed Racer. No anime do corredor, seu irmão mais velho, Rex Racer, tramava a própria morte para manter Speed e sua família a salvo, retornando anos depois com uma nova identidade, o Corredor X. É como se Donato fosse Rex e abandonasse a família para reencontrar Ayrton totalmente diferente.

Praia do Futuro é uma ótima trama, com uma boa fotografia, tipicamente utilizada nos filmes de Aïnouz, mas peca pelos cortes entre os atos. Há cenas em que você os personagens principais em uma certa situação e no segundo ato, já estão em outra sem ter a menor explicação de como tudo foi parar ali, fazendo com que o espectador tenha de adivinhar como aconteceu aquilo.

Praia do Futuro foi anunciado como um filme polêmico por ter cenas de sexo entre dois homens (um militar e um piloto de motocross) e muita nudez. Confesso que não vi nada demais. As cenas que mostravam Donato e Konrad juntos me pareceu mais as cenas do cotidiano de qualquer casal que está começando a ficar junto. É como o próprio ator Wagner Moura disse: “É um filme que vai além da sexualidade”. Vai muito além da sexualidade, vai além das escolhas que nós fazemos em nossas vidas, para mim, é um filme que mostra que temos de abdicar de certas coisas para resolvermos nossas vidas e ficarmos bem.



quinta-feira, 1 de maio de 2014

Crítica | O Espetacular Homem-Aranha 2 – A Ameaça de Electro: É tempo de mudar

por Victor Hugo Furtado

Quando anunciado que Andrew Garfield seria o novo Homem-Aranha da Sony, eu já me manifestava a favor da nova trilogia. O ator americano que diversas vezes expressou cumplicidade e amor pelo personagem o qual nutre admiração desde criança, já dava motivos para ser encarado como um cabeça de teia de verdade.

Qual fã do Homem-Aranha não se lembra da declaração de Tobey Maguire quando disse nunca ter lido um gibi do herói quando jovem, e sim, somente quando esteve a beira de interpretá-lo. Ora, essa declaração beira o insulto para com os fãs.



Mas, os tempos são outros, alegorias de menos, estilo demais! Diretamente influenciado pelo “Universo Ultimate”, apesar de levar o nome do clássico dos anos 1960, o Aranha de Garfield bem que tropeçou no primeiro filme, sendo difícil defendê-lo, não por ele, mas pelos furos de roteiro, que mais confundiam os espectadores, do que os divertiam.

Se no primeiro ele pecou, no segundo melhorou... e muito! O Espetacular Homem-Aranha 2 é um ótimo filme de super-herói, digno da força heterogênea de um dos heróis mas amados do mundo. Fica claro que o público alvo da trilogia são as crianças e os adolescentes, mas é justamente aí que ele acerta. A tendência séria dos novos filmes não cabe nesse herói, o Homem-Aranha nunca foi sério, e nunca será.

Andrew Garfield consegue transmitir com leveza e fidelidade o ar juvenil característico desta versão. O Aranha engraçado mais uma vez marca presença, com sacadas bem-humoradas e piruetas com cambalhotas pastelão.

Com lindos efeitos especiais, que aliados ao 3D, dão um tom de regressão aos mais velhos, tornando-os crianças novamente. O blockbuster possui cenas de ação muito boas que exploram bem a capacidade do imaginativo.

Com Pharrel Williams, Coldplay e Hans Zimmer mais eletrônico do que nunca, a trilha está novamente empolgante para a parte jovem do cinema, isto é, pode não agradar a todos.

Com inevitáveis comparações, a trilogia de Marc Webb muda os vilões e vira de ponta-cabeça todo o roteiro que foi descrito na trilogia de Sam Raimi. O Espetacular Homem-Aranha 2, com o reforço de seu primeiro, surge como uma promissora franquia que provavelmente desbancará a de Tobey “sem graça” Maguire. Assim espero.