terça-feira, 11 de outubro de 2016

Kóblic

por Victor Hugo Furtado

Os cidadãos da América Latina podem se identificar uns com os outros de diversas maneiras, mas poucas são tão palpáveis quanto as intensas ditaduras do século XX. No cinema, O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (2006) e Infância Clandestina (2012) são bons exemplos de obras que exploram sujeitos afetados pelo regime, mas que não podem intervir no curso da história. Já produções como No (2012) mostram o lado de quem pode, ainda que pouco, optar diante das situações que lhe são impostas. Koblic (2016) é um desses.

Reeditando a parceria entre Sebastián Borensztein e Ricardo Darín, que já pode ser considerada como cult em Um Conto Chinês (2011), o longa acompanha o piloto da Força Aérea Argentina Tomás Koblic (Darín), que foi recrutado para conduzir uma das missões que ficaram conhecidas como voos da morte, nas quais oficiais lançavam prisioneiros políticos ao mar. Ao decidir não abrir o compartimento de carga do avião para que seus superiores pudessem concretizar o plano, também se tornou um perseguido pelo regime.

Foragido, muda-se da capital para o pampa argentino, mais precisamente na colônia Helena, na busca por um local onde não possam encontra-lo para fazê-lo pagar por seu crime. Mergulhado em pensamentos, ele conflita-se sobre suas escolhas e tenta levar uma vida relativamente normal como piloto de aeroplanos pulverizadores de plantações, trabalho oferecido por um antigo amigo, algo um tanto quanto despretensioso para um cinquentão que outrora fora um oficial da armada nacional. Naturalmente sua presença forte, e seu relativo charme, chamam a atenção do pequeno povoado, desde a moça que sonha em descobrir o mundo, Nancy (Inma Cuesta), até o delegado corrupto, Velarde (Oscar Martinez), que suspeita de Tomás desde o primeiro contato entre ambos.


Mostrando nítido amadurecimento de Borensztein frente a narrativa de seu cinema, desde Um Conto Chinês (2011), este não perde tempo e logo introduz todos os personagens nos primeiros minutos, tornando a tensão e as desconfianças cada vez maiores. Após os primeiros eventos que denunciam Koblic como um forasteiro, como o jeito de se vestir, a fala e a recusa por deixar uma conta em haver mesmo que num vilarejo, ele passa a conviver dia após dia com os olhares dos moradores. Principalmente de Velarde, que se torna um carrapato em busca de pistas que condenem aquele que o tornou um coadjuvante em seu pequeno reinado.
Mesmo que, por vezes, pareça arrastado, o filme exige grande atenção do espectador para que este não se perca em meio a momentos de total silêncio e outros de intensos embates verbais ou físicos. Como se os problemas pessoais de Tomás já não fossem excessivos, a ação o procura, obrigando-o a assumir decisões com grandes consequências num período muito curto. As atitudes que o foragido herói toma em cada situação também o diferem daqueles que o perseguem.

No entanto, há uma atuação pela qual vale a pena ver este filme, e esta é a impressionante caracterização de Martinez. O homem com o sorriso amarelo está quase irreconhecível em função das camadas de maquiagem, peruca e até mesmo dentes falsos. Este conjunto é completado por seus gestos e um sotaque interiorano muito natural. Há também revelações, como o caso de Marcos Cartoy Diaz, o assistente no aeródromo que cresce com o passar do tempo para se tornar alguém importante. Em termos técnicos, o cineasta consegue criar momentos de grande tensão em uma narrativa muito linear. Isso se percebe na opção de deixar de lado fotos aéreas ou explosões, dando assim um toque de classicismo, variando entre o desespero e a angústia profunda de maneira muito cativante.



Ao final, a mensagem consegue ser passada com até evidente nitidez. Koblic se assemelha muito ao Capitão Nascimento de Tropa de Elite (2007), tendo de conviver com a ideia de que as conquistas que o acompanharam a vida toda foram reduzidas a quase nada quando percebe que a vontade de seus superiores o torna mais uma peça da grande engrenagem. Borensztein opta por deixar as mesmas pontas soltas que gerou no longa de 2011, frustrando o espectador que anseia uma resolução mais clara. Mesmo assim, o modo tenso e ao mesmo tempo revigorante em que a trama se desenrola não pode ser subestimado, e Koblic é uma produção muito peculiar e proveitosa dentro de suas limitações. Ricardo Darín prova mais uma vez que sua figura dialoga com o público, mesmo que não diga nenhuma palavra, enquanto que a revelação é mesmo Oscar Martinez, um dos atores mais versáteis de sua geração.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Batman Vs Superman - A Origem da Justiça

por Victor Hugo Furtado

Batman vs Superman expõe de vez as limitações da DC comics no cinema. Os estúdios da Marvel começaram em 2008, o que a Warner Bros "começou" de maneira atropelada em 2013. O que teve um início bastante animador com Man of Steel, trazendo finalmente uma história concisa e interessante do Superman, ao melhor estilo "Novos 52", tem sua continuação com uma batalha entre ele e o outro carro chefe da editora, o homem-morcego, com críticas mistas.

O confronto entre Superman (Henry Cavill) e Zod (Michael Shannon) em Metrópolis fez com que a população mundial se dividisse acerca da existência de extra-terrestres na Terra. Enquanto muitos consideram o Superman como um novo deus, há aqueles que consideram extremamente perigoso que haja um ser tão poderoso sem qualquer tipo de controle.

Bruce Wayne (Ben Affleck) é um dos que acreditam nesta segunda hipótese. Sob o manto de um Batman violento e obcecado, ele investiga o laboratório de Lex Luthor (Jesse Eisenberg), que descobriu uma pedra verde que consegue eliminar e enfraquecer os filhos de Krypton.

O diretor Zack Snyder, responsável por ótimos filmes, como 300 e Madrugada dos Mortos, foi desde o início, uma interessante escolha para dar continuidade ao universo DC que ele provou ser conhecedor em Watchmen. O corajoso longa, Man of Steel, de 2013, acendeu os corações dos fãs, brilhando uma luz no fim do túnel para retratar um universo no cinema, tão bem quanto a Marvel faz. Com críticas relativamente positivas, a Warner tratou rapidamente de dar continuidade ao universo, confrontando em relativa rapidez Batman e Superman, como nas iconicas HQs do anos 80. Perfeita ideia para um começo de franquia.

Zack Snyder, não sabemos sua posição ainda, pareceu confuso com algumas decisões tomadas em relação ao roteiro. Sem dúvida foi corajoso ao confrontar os personagens e em empregar histórias tão famosas de ambos. O problemas maior, é que 02h30m de filme não são suficientes pra tanta história. Em uma cena de making of, no blu-ray de Man of Steel, Snyder já dava indícios do que faria, quando se denominou fã n°1 das HQs "Batman vs Superman" e "A Morte do Superman". Quanto a isso, não há mais considerações a ser feitas, o assunto da deturpada saturação do roteiro já está sendo debatido demais.

Em relação aos personagens, começo pelo melhor, Batman. Definitivamente o que queríamos, um morcego frio, atormentado, imponente esteticamente, maduro e dono de um excelente repertório de golpes. Sustenta as partes mais críticas do filme. Batman dos quadrinhos definitivamente. Não excluindo é claro, o excelente vivido por Christian Bale, porém dando ainda mais personalidade ao herói. Confesso que quando li "Wayne de Gotham", livro de Tracy Hickman, imaginei um Batman com as mesmas características do feito por Ben Affleck. Admirável.

Quanto ao Superman de Henry Cavill, que sejamos francos não é um grande ator, convence como fez em Man of Steel. Boa atuação, esforçada eu diria. Agora, precisa melhorar o seu Clark Kent, no qual ele parece não ter decidido qual personalidade adotará.

Lex Luthor parece afetado demais, isso incomoda bastante, tornando a maioria de suas aparições massantes. Em relação aos novos personagens, tomaram o tempo necessário da trama, poucos minutos, muito empolgantes. Aquaman então, nem se fala, gostei muito. A luta em si, faltou clímax. Os golpes se desenvolveram bem e empolgaram, as falas ótimas, os argumentos convincentes, mas  a parte final frustrou.

Batman vs Superman foi tragado pelos espectadores mais críticos de maneira mais amarga. Terminou com uma sensação estranha. Embora dificilmente possamos dizer que o filme é ruim, ele não é realmente o que queríamos. Mas com estranha impressão de que o filme da Liga será melhor e menos atropelado. Mulher-Maravilha também promete ser uma boa trama.

Batman vs Superman é ousado e diferente, por vezes confuso. Frustrante? um pouco, mas é um bom filme e que proporciona um gama de discussões a respeito dos super-heróis. Cabe também lembrar que o universo da DC Comics é mais complicado de ser retratado nas telas do cinema, já que suas histórias já não são mais tão bem aceitas como na era de ouro dos quadrinhos. Vale a pena conferir nem que seja pelas excelentes aparições do heróis e as cenas de luta.




sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Crítica: Deadpool


por Victor Hugo Furtado

Já estava mais do que na hora das coisas acontecerem. A FOX acertar a mão em um filme de super-herói e também se descompromissar e fazer algo bem feito. "Deadpool" não é uma obra prima, mas de longe, é um dos melhores filmes do gênero.

Baseado no personagem que apareceu pela primeira vez num dos quadrinhos dos X-Men, em 1991, o filme conta a história do ex-militar e mercenário, Wade Wilson (Ryan Reynolds), que é diagnosticado com câncer em estado terminal, porém encontra uma possibilidade de cura em uma sinistra experiência científica. Recuperado, com poderes e um incomum senso de humor, ele torna-se Deadpool e busca vingança contra o homem que destruiu sua vida.

Todos já sabem da árdua maratona que Ryan Reynolds percorreu para que o filme solo do Deadpool acontecesse. Depois de longos oito anos de puxação de saco entre Reynolds e os estúdios da FOX, uma breve e catastrófica tentativa de empregar o personagem em Origens: Wolverine (2009) e outro filme de um super-herói verde que é melhor nem lembrar, por fim, aí está! Deadpool como o herói do humor e das referências sem freio. 

Confesso que não esperava muito do filme de um personagem que por vezes "cansou" as redes sociais com tantos Gif's, memes e fotos que exaltavam seu senso de humor contra outros heróis. Justiça seja feita, esse filme só saiu por causa dos fãs nessas redes, para enfim convencer os estúdios. O resultado é um filme engraçado, com senso de humor exagerado mas que diverte, muito por causa das excessivas referencias a personagens reais e elementos da cultura pop. 

Deadpool tem menos cenas de ação que o trailer prometeu mas mesmo assim, entretêm. A trilha sonora é engraçada e caracteriza o filme. Reynolds provavelmente fez o papel da vida e provavelmente não voltará a se sentir tão a vontade em outro. 

Não é um filme para crianças, está mais para adolescentes. Vale a pena dar uma conferida, não só pela qualidade do filme, mas também pelo esforço que Ryan Reynolds fez para que o projeto se concretizasse. 




quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Crítica: O Regresso

por Victor Hugo Furtado

Como se fosse uma novidade, agora todos falam de Alejandro G. Iñárritu, que já chama atenção desde o excelente e arrebatador, "Amores Perros" (2000), considerado o Pulp Fiction do cinema latino. Não, não é modinha, Iñárritu é um dos melhores diretores dos últimos anos e nada impede que ganhe pela segunda vez consecutiva o Oscar de melhor direção. O que seria muito legal, porque até 2014 nenhum latino havia ganho o prêmio da Academia. Em 2016, podemos ver o terceiro consecutivo.

A trama épica, baseada em uma história real, se desenrola em 1822. Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) parte para o oeste americano disposto a ganhar dinheiro caçando. Atacado por um urso, fica seriamente ferido e é abandonado à própria sorte pelo parceiro John Fitzgerald (Tom Hardy), que ainda rouba seus pertences. Entretanto, mesmo com toda adversidade, Glass consegue sobreviver e inicia uma árdua jornada em busca de vingança.

Muito antes das histórias retratadas por Clint EastWood no oeste americano, os americanos já rezavam lendas das imigrações e descobertas de seu solo cheio de mistérios e histórias alucinantes. Essa é uma delas. Em uma época em que os índios eram a maioria esmagadora da população norte-americana, o homem branco vindo de pelo menos três ou quatro partes diferentes do velho continente, buscava desbravar, conquistar, "educar os selvagens" e, é claro, lucrar. Não teriam se arriscado tanto para se deslocar de tão longe se não fosse por algum motivo desses.

Enquanto existir cinema, os americanos continuarão a valorizar de forma plena sua história cheia de sangue. Todos os países tem uma, mas a deles é retratada em audiovisual. O que vem acontecendo, são essas histórias com o dedo de diretores como Iñárritu, que valoriza os indígenas como devem ser valorizados e principalmente compreendidos, afinal, a terra era deles.

Iñárritu constrói uma sólida narrativa adaptada do livro de Michael Punke, que claro, será contestada como de costume, mas que na construção cinematográfica não se pode levantar muitos dedos para contrariar as posições dele tomadas. Escolheu os atores certos, levou o tempo necessário, fez o espectador imergir e sim, é merecedor de prêmio e que seus atores também sejam. Até porque, se DiCaprio não vencer dessa vez, pode começar a desconfiar que alguém esteja o boicotando.

Pois bem, depois de "Lincoln", "Argo" e "12 Anos de Escravidão", esse filme é a nova sensação do começo de ano e da temporada de premiações. Pode ganhar? pode. Pode cair no esquecimento como "Argo"? também pode. Você pode assistir? Deve.




quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Crítica: A Grande Aposta

por Victor Hugo Furtado

Uma linguagem muito didática para explicar um assunto que uma grande parcela da população tem dificuldade de entender: a economia. Essa é a proposta do, ainda jovem diretor, Adam McKay. Com veia de comediante, ele conseguiu não só explicar a crise financeira mundial de 2008, como também fez piada com o assunto (o tempo todo).

O enredo proposto por McKay apresenta histórias diferentes unidas por um propósito, como a de Michael Burry (Christian Bale), dono de uma empresa de médio porte, que decide investir muito dinheiro do fundo que coordena ao apostar que o sistema imobiliário nos Estados Unidos irá quebrar em breve. Tal decisão gera complicações junto aos investidores, já que nunca antes alguém havia apostado contra o sistema e levado vantagem. 

Ao saber destes investimentos, o corretor Jared Vennett (Ryan Gosling) percebe a oportunidade e passa a oferecê-la a seus clientes. Um deles é Mark Baum (Steve Carell), o dono de uma corretora que enfrenta problemas pessoais desde que seu irmão se suicidou. Paralelamente, dois iniciantes na Bolsa de Valores percebem que podem ganhar muito dinheiro ao apostar na crise imobiliária e, para tanto, pedem ajuda a um guru de Wall Street, Ben Rickert (Brad Pitt), que vive recluso.

No filme, todos os personagens, Steve Carell, Ryan Gosling, Christian Bale e Brad Pitt interpretam investidores de personalidades muito distintas, que cada um, à sua maneira, conseguiu prever o comportamento dos norte-americanos que conduziu a crise financeira que começou em 2007. 

Os bancos permitiram que pessoas que não tinham recursos comprassem casas à crédito. Quando a bolha estourou, a crise deixou milhões de pessoas desempregadas e sem lugar para morar.

Por contas das diferentes personalidades, esses, descobrem e reagem desde 2005, na linha do tempo da trama, de maneiras diferentes e peculiares, dando ao espectador, diferentes linguagens e percepções do que aconteceu realmente. 

Por conta do assunto, muito desgastante, é bem possível que muitas pessoas não gostem do filme. Nem por isso, deixa de ser uma grande obra cinematográfica sobre economia. Vale a pena conferir "A Grande Aposta" e tentar entender mais sobre o que aconteceu na crise financeira de 2007-08 e também rir um pouquinho. Ah! E as atuações são impecáveis. 



quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Crítica | Creed: Nascido Para Lutar

por Victor Hugo Furtado

Quando a gente pensa que não vem mais nada pela frente, surge um filme como "Creed: Nascido Para Lutar". Como fã quase irresponsável da franquia "Rocky", tenho que admitir a singularidade e principalmente, profundidade dada ao personagem Adonis Creed, que pode ser comparada com os primeiros filmes de Rocky.

Adonis Johnson (Michael B. Jordan) nunca conheceu o pai, Apollo Creed, que faleceu antes de seu nascimento. Ainda assim, a luta está em seu sangue e ele decide entrar no mundo das competições profissionais de boxe. Após muito insistir, Adonis consegue convencer Rocky Balboa (Sylvester Stallone) a ser seu treinador e, enquanto um luta pela glória, o outro luta pela vida.

Nada como nomear o herói inspirado nos gregos mais uma vez, para revisitarmos as importâncias da luta contra o "eu" tão recorrente nessa própria mitologia como também na "mitologia" Rocky. Com um propósito de se descobrir e ao mesmo tempo se desvencilhar das mágoas com o pai que nem conheceu, o personagem de Michael B. Jordan é muito Geração Y, porque procura seu lugar ao sol, mesmo que por vezes nem saiba que lugar é esse.

Com o apoio de Balboa ele encontra seu lugar e como se estabelecer nele. Com a humildade de sempre e a já sabedoria de um ancião, o lendário Sylvester Stallone desta vez em segundo plano, desfila carisma e vontade de deixar mais um legado, mesmo que às vezes nem saiba que pode mais. A humildade se reforça cada vez que ele frisa a importância de Adonis "fazer seu próprio nome" mas sem esquecer a história de seu pai, Apollo.

É importante destacara também que na questão das cenas de luta, esse sai em disparada contra todos os outros seis filmes. Visivelmente esse filme tem as lutas mais interessantes. Se nos outros, as lutas tinham muito sangue e barulho, nesse, o espectador tem total percepção da geografia da cena, nos fazendo realmente sentir a força dos socos e a estratégia de cada lutador. Muito bom mesmo.

A franquia Rocky sempre teve como sustentação a humildade, que Rocky tem de sobra, e também o respeito racial, aprofundando mais Apollo Creed e mostrando que o boxe não é só um esporte onde negros vencem, mas que também se tornam porta-voz da anti-descriminação. Apollo, dadas as proporções, é Muhammad Ali. Se nos idos de 1976, Rocky já desmontava preconceitos, em "Creed", só se reforçam essas ideias. Vale a pena conferir e se emocionar mais uma vez com as preparações para encarar a vida tão retratadas nestes filmes... ah! e claro, também é preciso cautela para uma continuação. Esse filme terminou muito bem para ser estragado logo em seguida.