quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Crítica | Creed: Nascido Para Lutar

por Victor Hugo Furtado

Quando a gente pensa que não vem mais nada pela frente, surge um filme como "Creed: Nascido Para Lutar". Como fã quase irresponsável da franquia "Rocky", tenho que admitir a singularidade e principalmente, profundidade dada ao personagem Adonis Creed, que pode ser comparada com os primeiros filmes de Rocky.

Adonis Johnson (Michael B. Jordan) nunca conheceu o pai, Apollo Creed, que faleceu antes de seu nascimento. Ainda assim, a luta está em seu sangue e ele decide entrar no mundo das competições profissionais de boxe. Após muito insistir, Adonis consegue convencer Rocky Balboa (Sylvester Stallone) a ser seu treinador e, enquanto um luta pela glória, o outro luta pela vida.

Nada como nomear o herói inspirado nos gregos mais uma vez, para revisitarmos as importâncias da luta contra o "eu" tão recorrente nessa própria mitologia como também na "mitologia" Rocky. Com um propósito de se descobrir e ao mesmo tempo se desvencilhar das mágoas com o pai que nem conheceu, o personagem de Michael B. Jordan é muito Geração Y, porque procura seu lugar ao sol, mesmo que por vezes nem saiba que lugar é esse.

Com o apoio de Balboa ele encontra seu lugar e como se estabelecer nele. Com a humildade de sempre e a já sabedoria de um ancião, o lendário Sylvester Stallone desta vez em segundo plano, desfila carisma e vontade de deixar mais um legado, mesmo que às vezes nem saiba que pode mais. A humildade se reforça cada vez que ele frisa a importância de Adonis "fazer seu próprio nome" mas sem esquecer a história de seu pai, Apollo.

É importante destacara também que na questão das cenas de luta, esse sai em disparada contra todos os outros seis filmes. Visivelmente esse filme tem as lutas mais interessantes. Se nos outros, as lutas tinham muito sangue e barulho, nesse, o espectador tem total percepção da geografia da cena, nos fazendo realmente sentir a força dos socos e a estratégia de cada lutador. Muito bom mesmo.

A franquia Rocky sempre teve como sustentação a humildade, que Rocky tem de sobra, e também o respeito racial, aprofundando mais Apollo Creed e mostrando que o boxe não é só um esporte onde negros vencem, mas que também se tornam porta-voz da anti-descriminação. Apollo, dadas as proporções, é Muhammad Ali. Se nos idos de 1976, Rocky já desmontava preconceitos, em "Creed", só se reforçam essas ideias. Vale a pena conferir e se emocionar mais uma vez com as preparações para encarar a vida tão retratadas nestes filmes... ah! e claro, também é preciso cautela para uma continuação. Esse filme terminou muito bem para ser estragado logo em seguida.



Nenhum comentário:

Postar um comentário