domingo, 30 de junho de 2013

Crítica | Guerra Mundial Z: Não é fácil sustentar um "perigo global"

por Victor Hugo Furtado

Gerry Lane, um ex-funcionário (Brad Pitt) da ONU, que, ao saber dos acontecimentos, procura fazer o que qualquer pai faria: proteger suas filhas e sua mulher (Mireille Enos).

Em meio ao caos mundial proposto por Marc Foster, ele é chamado a ajudar o que restou do exército, integrando uma força-tarefa para tentar descobrir as causas do surgimento desse novo inimigo, do qual ainda se sabe pouco.

Fazendo muito bem o que lhe é proposto, atuando com suas facetas convencionais e sempre bem-vindas, dando um je ne sais quoi inédito ao gênero, embarcamos com Brad Pitt em uma jornada de muitos efeitos especiais e diversos pulos de assento por quase duas horas.

Começando meio confuso, mas pegando no tranco, Guerra Mundial Z explica demais as “causas” do apocalipse, optando pelo estilo “perigo global” difícil de sustentar e infelizmente na maioria das vezes caindo em clichês famosos como: “tem que atirar na cabeça!” e “o que são essas coisas?!”.

Eu particularmente gosto mais de filmes de zumbis de estilo Madrugada dos Mortos (2004) de Zack Snyder, ou mesmo como a famosa série The Walking Dead, que focam em menos sets e simplesmente deixam as vítimas transcenderem seu espírito de sobrevivência, tornando-o a trama mais íntima e em muitas vezes mais realista e assustadora.



Sem dúvida, as maiores estrelinhas de Guerra Mundial Z ficam por conta dos sons apavorantes dos mortos-vivos não tão convencionais e principalmente da forma muito interessante como agem os zumbis, pelo menos eu não me lembro de um filme do gênero em que as criaturas agissem em blitzkrieg, de tal forma que atropelasse seus semelhantes em busca de alimento. Muito legal mesmo, vale o 3D.

Enfim, comparado com muitos filmes do gênero que temos visto por aí, Night of the Living Dead (2006) e Mutants (2009) que o diga, Guerra Mundial Z é um bom filme, e se for visto pelo expectador visando uma continuação, ele parece muito melhor, porém se visto com um único filme, é bem decepcionante. Esperemos uma continuação e a capacidade Marc Foster de se sustentar na sua guerra mundial contra os zumbis.

Crítica | Universidade Monstros - O início de uma bela amizade

por Dáphine Ponte

Depois de exibirem quase meia hora de trailers dos novos lançamentos da Disney, como um filme de um teco-teco do interior que quer participar de uma famosa competição de aviões que se chama Aviões (Sério?! Olha que original!), foi exibido o mais novo curta-metragem da Pixar, O guarda-chuva azul.

Eu não vou me estender muito, o foco desse post é o filme Universidade Monstros, mas eu vou falar um pouco sobre o curta. A história começa num dia chuvoso, onde podemos ouvir uma gostosa sinfonia vinda da junção das gotas da chuva caindo nos toldos, nas caixas de correio, nas bocas de lobo que criam vida.

Um pouco mais acima vemos várias pessoas com guarda-chuvas negros e um guarda-chuva azul sorridente se destaca na multidão, sentindo as gotas de chuva cair nele. Do lado dele, vemos um guarda-chuva vermelho, com feições femininas, chama a atenção do protagonista e este passar a flertar o guarda-chuva vermelho. No entanto, o guarda-chuvinha passa por adversidades e se separa da sua amada. Como eles se reencontram? Bom... Só vendo o curta para descobrir!

Logo após esse curta-metragem, inicia-se Universidade Monstros, que é uma prequela do filme anterior Monstros S.A (2001). Na cena inicial vemos pequenos monstros em uma excursão escolar a Monstros S.A. Na hora da contagem, o pequeno, ou melhor, o jovem Mike Wazowski sendo esquecido no ônibus por conta de seu tamanho. Percebemos que ele é o mais zoado da turma, mas possui uma alegria e uma autoconfiança contagiante!

Durante a excursão, os monstrinhos vão conhecendo as instalações da empresa e veem os monstros que trabalham assustando crianças para colher energia para a cidade. Mike conhece um dos assustadores e decide invadir e ver como era o trabalho de um assustador. Surpreendido por não ter sido visto durante a ação, o assustador diz que Mike pode vir a ser um assustador em potencial e diz que a Universidade Monstros tem o melhor programa de sustos. Mike acaba se animando com a ideia.

Os anos se passam, o pequeno Mike consegue ser aprovado na Universidade Monstros e conhece seu colega de quarto, o até então tímido, Randall Boggs. No primeiro dia de aula de Sustos, Mike tenta se destacar na turma, respondendo as perguntas do professor, mas eis que chega James P. Sullivan (ou Sulley, como é conhecido), o brincalhão e descolado monstro que se torna conhecido por ser filho de um famoso assustador.

Durante a aula, chega à sala a diretora do Programa de Sustos, Hardscrabble, maior recordista em sustos, que explica que o curso não é moleza e quem não tirar notas boas, deverá sair. Em uma noite que Mike decide estudar para garantir boas notas, Sullivan invade o quarto deste para pegar o mascote que roubou de outra universidade.

Para tentar recuperar o mascote, Mike e Sullivan saem correndo pelo campus da universidade e chegam a festa das fraternidades. Sullivan atrai a atenção dos membros da Ruge Ômega Ruge, a principal fraternidade, composta pelos maiores e mais fortes monstros da faculdade e é convidado a participar da fraternidade. Mike diz que tem interesse em participar da fraternidade, mas Sullivan e os outros dão o fora nele.

Mike passa a encarar o insulto como um desafio e se dedica a ter um bom desempenho na disciplina de Sustos e ser melhor que Sullivan. Porém, sempre há um porém. No dia da prova final do semestre, Mike e Sullivan começam a brigar e a diretora Hardscrabble expulsa os dois do programa.



Mike e Sullivan vão parar na disciplina de projeto de cilindros e depois de um dia ruim de aula, Mike tem a ideia de participar dos Jogos de Sustos, uma espécie de campeonatos realizada entre as fraternidades, com a fraternidade mais flopada da universidade: a Oozma Kappa.

A Oozma Kappa é composta por Don Carlton, um aposentado que resolveu voltar para a faculdade; Scott “Esguicho” Squibbles, o tímido e sempre discreto e tem uma mãe que o faz passar vergonha e curte heavy metal; Terri e Terry Perry, monstros que dividem o mesmo corpo e Art, o excêntrico estudante de Filosofia. Sullivan aproveita a oportunidade para voltar ao programa de Sustos, uma vez que Mike apostou com a diretora Hardscrabble que iria vencer os jogos.

Na primeira prova, eles quase saem da competição por conta de briga de egos entre Mike e Sullivan e não percebem a competição só pode ser vencida por que eles devem trabalhar em equipe e aperfeiçoar as qualidades individuais dos monstros.

Confesso que, antes de ver este filme, preferia que a Pixar tivesse lançado uma sequência do filme, mostrando Mike, Sullivan e a menina Boo mais velhos e passando por outros tipos de situações. Mas depois de assistir a esta trama, pude entender que a prequela foi uma forma de explicar várias coisas existentes no filme anterior. Como surgiu a bonita amizade entre Mike e Sullivan se eles são tão diferentes, seja no tamanho e na personalidade e Sullivan era um chato arrogante na faculdade? Como surgiu a rixa entre Sullivan e Randall Boggs, que perdurou até o ambiente de trabalho?

Confesso que ri bastante assistindo a este filme. As cenas mais engraçadas eram quando Esguicho e a sua mãe apareciam. Ri demais com eles! E também confesso que gostei muito desse filme. Mais do que o último filme infantil que assisti, Hotel Transilvânia, que foi um desperdício de tempo e dinheiro.

Enfim... Quem for assistir a este filme, espero que também goste! Obrigada pela atenção e até mais, Cinéfilos!

domingo, 16 de junho de 2013

Figurino | Meia noite em Paris: Nossas particularidades em uma Paris de Sonia Grande

por Polyana Gouvêa

Por alguma razão louca, eu assisti ao filme há uns dois meses apenas. E depois fiquei me perguntando como eu pude ter me privado disso!? Começa pelo fato de não ser aquele filme água com açúcar tradicional.

Sim, tem seu romance, mas a parte histórica, as tiradas sarcásticas do Owen Wilson, os trejeitos da querida Marion Cotillard com a bela Paris dos anos 20, já fez dele um clássico pra mim. Além disso, o próprio fato do personagem principal "viajar no tempo", já tem um diferencial especial.

Bom, o figurino. Achei realmente muito bom. A Sonia utilizou tons bastante neutros, que eu particularmente gosto muito. E acrescentando modelos e tecidos que ficaram bem de acordo com a época.  A única adição que eu teria feito seria na parte dos acessórios, que foram muito elegantes, mas poderiam ser em maior quantidade, dando a ideia de particularidade.

E falando em particular, guardo uma paixão pelo vestido dourado com amarelo da Adriana (Cotillard). No fundo, a verdadeira estrela do filme foi Paris. Juntando Woody Allen, o figurino, o elenco, a história por trás dos acontecimentos, a trilha sonora (super-recomendo!), enfim todo o enredo do filme, acho difícil alguém discordar do fato de que a Paris de 1920 tenha sido mesmo a melhor época de todas.



sábado, 1 de junho de 2013

Crítica | Faroeste Caboclo: Renato Russo se orgulharia

por Victor Hugo Furtado

Com a estética que se tornou regra nos faroestes, cortando do plano aberto direto para os close-ups, o Brasil produziu pela primeira vez o seu western, e olha que não deixaria Sergio Leone nada envergonhado.

Salvando a integridade e honrando as cinzas de Renato Russo - que estava triste por Somos Tão Jovens - com um tom até às vezes um pouco mais pesado, o publicitário René Sampaio debutando no cinema, conduz a música que já tem quase 35 anos e no mínimo três ou quatro gerações com ela na ponta da língua.

A trama gira em torno do protagonista João de Santo Cristo, com Fabrício Boliveira calando a boca de quem duvidou de sua capacidade. Boliveira como João, é assustador e convincente, trazendo o “ódio por dentro” do personagem que chama atenção por sua autoestima muito bem resolvida, atuação destacável.

Como a canção não é precisa sobre a etnia, e sim apenas preconceito por sua cor, seria fácil, e até evidente, colocar um ator mulato como herói, uma forma de atingir um público maior da nação "parda" brasileira, o que deixa o longa até mais charmoso, pois Santo Cristo me fez lembrar várias vezes o negro libertado de Tarantino, Django Unchained (2012), mas não se vinga tanto quanto eu gostaria.

O quase humorista, Felipe Abib no papel de Jeremias certas vezes parece um pouco caricato, mas ainda assim é menos forçado que Thiago Mendonça. Já Isis Valverde como Maria Lucia dá conta da personagem que leva dois homens travarem um duelo por ela, “na Ceilândia, em frente ao lote 14”, como na boa tradição dos westerns.

Sobre o ator uruguaio César Troncoso eu prefiro me abster perante a magnífica interpretação de cada segundo em que se propõe a interpretar Pablo. Desde El Baño del Papa (2007) e Infância Clandestina (2011) o cara desponta como um grandessíssimo ator. Hollywood batendo a porta, escrevam.

  “Quando criança só pensava em ser bandido    Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu”

Esses versos contam um pouquinho da história de cada preto ou mulato brasileiro em situação de vulnerabilidade social, e que já nascem culpados por algo que não fizeram, mas de alguma maneira, serão obrigados a fazer.

Aqui no Brasil nós não seguimos a mesma carga protestante da cultura americana que precisa de Natural Born Killers (1994) ou Bonnie and Clyde (1967) para expressar o que não temos coragem. Mas é preciso muita audácia para não se empolgar com os momentos em que Santo Cristo é um complexo anti-herói movido por um forte desejo de vingança. Violento, sim, mas justo e disposto a lutar contra o destino que lhe foi determinado. Por consequência, faz os momentos mais interessantes da trama.



É uma pena que esse lado sombrio e cheio de "calibres" - que era meu desejo prioritário - fique em segundo plano, ofuscado pelo romance entre Santo Cristo e Maria Lúcia, mas que também é legal, não ficou nada “novelizado” e infantil.

Minha dica é: assista! é o cinema nacional em plena forma, o filme que traz crítica social, também faz referências interessantes e nada forçadas à ditadura. Pena que esse tipo de filme nós vemos em pouco número na terra dos candangos, o jeito é ficar na torcida para que o cinema brasileiro produza mais faroestes e menos comédias.