sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Crítica: Deadpool


por Victor Hugo Furtado

Já estava mais do que na hora das coisas acontecerem. A FOX acertar a mão em um filme de super-herói e também se descompromissar e fazer algo bem feito. "Deadpool" não é uma obra prima, mas de longe, é um dos melhores filmes do gênero.

Baseado no personagem que apareceu pela primeira vez num dos quadrinhos dos X-Men, em 1991, o filme conta a história do ex-militar e mercenário, Wade Wilson (Ryan Reynolds), que é diagnosticado com câncer em estado terminal, porém encontra uma possibilidade de cura em uma sinistra experiência científica. Recuperado, com poderes e um incomum senso de humor, ele torna-se Deadpool e busca vingança contra o homem que destruiu sua vida.

Todos já sabem da árdua maratona que Ryan Reynolds percorreu para que o filme solo do Deadpool acontecesse. Depois de longos oito anos de puxação de saco entre Reynolds e os estúdios da FOX, uma breve e catastrófica tentativa de empregar o personagem em Origens: Wolverine (2009) e outro filme de um super-herói verde que é melhor nem lembrar, por fim, aí está! Deadpool como o herói do humor e das referências sem freio. 

Confesso que não esperava muito do filme de um personagem que por vezes "cansou" as redes sociais com tantos Gif's, memes e fotos que exaltavam seu senso de humor contra outros heróis. Justiça seja feita, esse filme só saiu por causa dos fãs nessas redes, para enfim convencer os estúdios. O resultado é um filme engraçado, com senso de humor exagerado mas que diverte, muito por causa das excessivas referencias a personagens reais e elementos da cultura pop. 

Deadpool tem menos cenas de ação que o trailer prometeu mas mesmo assim, entretêm. A trilha sonora é engraçada e caracteriza o filme. Reynolds provavelmente fez o papel da vida e provavelmente não voltará a se sentir tão a vontade em outro. 

Não é um filme para crianças, está mais para adolescentes. Vale a pena dar uma conferida, não só pela qualidade do filme, mas também pelo esforço que Ryan Reynolds fez para que o projeto se concretizasse. 




quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Crítica: O Regresso

por Victor Hugo Furtado

Como se fosse uma novidade, agora todos falam de Alejandro G. Iñárritu, que já chama atenção desde o excelente e arrebatador, "Amores Perros" (2000), considerado o Pulp Fiction do cinema latino. Não, não é modinha, Iñárritu é um dos melhores diretores dos últimos anos e nada impede que ganhe pela segunda vez consecutiva o Oscar de melhor direção. O que seria muito legal, porque até 2014 nenhum latino havia ganho o prêmio da Academia. Em 2016, podemos ver o terceiro consecutivo.

A trama épica, baseada em uma história real, se desenrola em 1822. Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) parte para o oeste americano disposto a ganhar dinheiro caçando. Atacado por um urso, fica seriamente ferido e é abandonado à própria sorte pelo parceiro John Fitzgerald (Tom Hardy), que ainda rouba seus pertences. Entretanto, mesmo com toda adversidade, Glass consegue sobreviver e inicia uma árdua jornada em busca de vingança.

Muito antes das histórias retratadas por Clint EastWood no oeste americano, os americanos já rezavam lendas das imigrações e descobertas de seu solo cheio de mistérios e histórias alucinantes. Essa é uma delas. Em uma época em que os índios eram a maioria esmagadora da população norte-americana, o homem branco vindo de pelo menos três ou quatro partes diferentes do velho continente, buscava desbravar, conquistar, "educar os selvagens" e, é claro, lucrar. Não teriam se arriscado tanto para se deslocar de tão longe se não fosse por algum motivo desses.

Enquanto existir cinema, os americanos continuarão a valorizar de forma plena sua história cheia de sangue. Todos os países tem uma, mas a deles é retratada em audiovisual. O que vem acontecendo, são essas histórias com o dedo de diretores como Iñárritu, que valoriza os indígenas como devem ser valorizados e principalmente compreendidos, afinal, a terra era deles.

Iñárritu constrói uma sólida narrativa adaptada do livro de Michael Punke, que claro, será contestada como de costume, mas que na construção cinematográfica não se pode levantar muitos dedos para contrariar as posições dele tomadas. Escolheu os atores certos, levou o tempo necessário, fez o espectador imergir e sim, é merecedor de prêmio e que seus atores também sejam. Até porque, se DiCaprio não vencer dessa vez, pode começar a desconfiar que alguém esteja o boicotando.

Pois bem, depois de "Lincoln", "Argo" e "12 Anos de Escravidão", esse filme é a nova sensação do começo de ano e da temporada de premiações. Pode ganhar? pode. Pode cair no esquecimento como "Argo"? também pode. Você pode assistir? Deve.