quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Crítica: A Grande Aposta

por Victor Hugo Furtado

Uma linguagem muito didática para explicar um assunto que uma grande parcela da população tem dificuldade de entender: a economia. Essa é a proposta do, ainda jovem diretor, Adam McKay. Com veia de comediante, ele conseguiu não só explicar a crise financeira mundial de 2008, como também fez piada com o assunto (o tempo todo).

O enredo proposto por McKay apresenta histórias diferentes unidas por um propósito, como a de Michael Burry (Christian Bale), dono de uma empresa de médio porte, que decide investir muito dinheiro do fundo que coordena ao apostar que o sistema imobiliário nos Estados Unidos irá quebrar em breve. Tal decisão gera complicações junto aos investidores, já que nunca antes alguém havia apostado contra o sistema e levado vantagem. 

Ao saber destes investimentos, o corretor Jared Vennett (Ryan Gosling) percebe a oportunidade e passa a oferecê-la a seus clientes. Um deles é Mark Baum (Steve Carell), o dono de uma corretora que enfrenta problemas pessoais desde que seu irmão se suicidou. Paralelamente, dois iniciantes na Bolsa de Valores percebem que podem ganhar muito dinheiro ao apostar na crise imobiliária e, para tanto, pedem ajuda a um guru de Wall Street, Ben Rickert (Brad Pitt), que vive recluso.

No filme, todos os personagens, Steve Carell, Ryan Gosling, Christian Bale e Brad Pitt interpretam investidores de personalidades muito distintas, que cada um, à sua maneira, conseguiu prever o comportamento dos norte-americanos que conduziu a crise financeira que começou em 2007. 

Os bancos permitiram que pessoas que não tinham recursos comprassem casas à crédito. Quando a bolha estourou, a crise deixou milhões de pessoas desempregadas e sem lugar para morar.

Por contas das diferentes personalidades, esses, descobrem e reagem desde 2005, na linha do tempo da trama, de maneiras diferentes e peculiares, dando ao espectador, diferentes linguagens e percepções do que aconteceu realmente. 

Por conta do assunto, muito desgastante, é bem possível que muitas pessoas não gostem do filme. Nem por isso, deixa de ser uma grande obra cinematográfica sobre economia. Vale a pena conferir "A Grande Aposta" e tentar entender mais sobre o que aconteceu na crise financeira de 2007-08 e também rir um pouquinho. Ah! E as atuações são impecáveis. 



quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Crítica | Creed: Nascido Para Lutar

por Victor Hugo Furtado

Quando a gente pensa que não vem mais nada pela frente, surge um filme como "Creed: Nascido Para Lutar". Como fã quase irresponsável da franquia "Rocky", tenho que admitir a singularidade e principalmente, profundidade dada ao personagem Adonis Creed, que pode ser comparada com os primeiros filmes de Rocky.

Adonis Johnson (Michael B. Jordan) nunca conheceu o pai, Apollo Creed, que faleceu antes de seu nascimento. Ainda assim, a luta está em seu sangue e ele decide entrar no mundo das competições profissionais de boxe. Após muito insistir, Adonis consegue convencer Rocky Balboa (Sylvester Stallone) a ser seu treinador e, enquanto um luta pela glória, o outro luta pela vida.

Nada como nomear o herói inspirado nos gregos mais uma vez, para revisitarmos as importâncias da luta contra o "eu" tão recorrente nessa própria mitologia como também na "mitologia" Rocky. Com um propósito de se descobrir e ao mesmo tempo se desvencilhar das mágoas com o pai que nem conheceu, o personagem de Michael B. Jordan é muito Geração Y, porque procura seu lugar ao sol, mesmo que por vezes nem saiba que lugar é esse.

Com o apoio de Balboa ele encontra seu lugar e como se estabelecer nele. Com a humildade de sempre e a já sabedoria de um ancião, o lendário Sylvester Stallone desta vez em segundo plano, desfila carisma e vontade de deixar mais um legado, mesmo que às vezes nem saiba que pode mais. A humildade se reforça cada vez que ele frisa a importância de Adonis "fazer seu próprio nome" mas sem esquecer a história de seu pai, Apollo.

É importante destacara também que na questão das cenas de luta, esse sai em disparada contra todos os outros seis filmes. Visivelmente esse filme tem as lutas mais interessantes. Se nos outros, as lutas tinham muito sangue e barulho, nesse, o espectador tem total percepção da geografia da cena, nos fazendo realmente sentir a força dos socos e a estratégia de cada lutador. Muito bom mesmo.

A franquia Rocky sempre teve como sustentação a humildade, que Rocky tem de sobra, e também o respeito racial, aprofundando mais Apollo Creed e mostrando que o boxe não é só um esporte onde negros vencem, mas que também se tornam porta-voz da anti-descriminação. Apollo, dadas as proporções, é Muhammad Ali. Se nos idos de 1976, Rocky já desmontava preconceitos, em "Creed", só se reforçam essas ideias. Vale a pena conferir e se emocionar mais uma vez com as preparações para encarar a vida tão retratadas nestes filmes... ah! e claro, também é preciso cautela para uma continuação. Esse filme terminou muito bem para ser estragado logo em seguida.