sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Crítica | Jogos Vorazes - Em Chamas: Mais maduro, menos violento

por Dáphine Ponte

Olá, Cinéfilos Mecânicos! Tudo certo? O filme que vou falar desta vez (um pouco atrasada) é a segunda parte da saga baseada nos livros de Suzane Collins: Em Chamas. Dirigido por Francis Lawrence, antes diretor de videoclipes de artistas como Beyoncé e Lady Gaga, estreou na direção em Constantine (2005) e foi o realizador de filmes de sucesso de bilheteria como Eu sou a lenda (2007) e Água para Elefantes (2011).

Depois que Gary Ross afirmou não ter tempo de realizar e escrever a sequência de Jogos Vorazes, Lawrence assumiu e abraçou as críticas feitas à Ross, que apresentou ao público os jogos sem explicar as motivações políticas que fez a Capital criá-los no primeiro filme da saga. Nesta trama nós temos uma visão ampliada da narrativa, exibindo os problemas dos demais distritos, como a fome e a miséria, e o tratamento escravo a que a população é exposta e vemos um Presidente Snow (Donald Sutherland) mais atuante nas manobras para controlar Panem.

Em Chamas se inicia com as novas vidas do casal de amantes desafortunados, Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) e Peeta Mellark (Josh Hutcherson), que passam a morar luxuosamente na área dos campeões no Distrito 12 após vencerem a 74ª edição dos Jogos Vorazes, enquanto o restante da população vive na mais completa miséria.

Ao mesmo tempo que moram em casas confortáveis, Katniss e Peeta têm suas vidas vigiadas, como se fosse uma extensão do reality show, para que a Capital possa vender a ideia de que os dois se amam verdadeiramente e consequentemente, sirva de distração para Panem, como afirma Snow. Ao mesmo tempo em que mantem o romance de fachada com Peeta, Katniss vê seu amigo de infância, Gale Hawthorne (Liam Hemsworth) lhe expor seus sentimentos.

Durante a Turnê da Vitória, uma série de viagens pelos Distritos de Panem, Katniss e Peeta têm de fazer discursos exaltando os Tributos que foram mortos. Enquanto que a Capital, alienada, ainda cai no conto do casal de amantes desafortunados que quase se mataram por um amor tal qual Romeu e Julieta, o restante da população vê o ato de Katniss e Peeta como um ato de rebeldia e se torna o estopim para uma revolta de uma maioria que quer melhores condições de vida.

Em meio aos protestos da população, Katniss tem a ideia de forjar um noivado com Peeta para ainda servir de distração para o povo de Panem, mas o Presidente Snow ainda acha que não é suficiente devido ao aumento de rebeliões nos Distritos. Ao voltar para o Distrito 12, um novo contingente de Pacificadores, mais agressivos, é destacado para manter a ordem.

E, para controlar de vez a população, Snow junto ao novo idealizador dos Jogos Vorazes, Plutarch Heavensbee (Phillip Seymour Hoffman), substituindo Seneca Crane, lança o Massacre Quaternário, evento realizado a cada 25 anos com 24 vencedores dos Distritos. Como é a única vencedora feminina do Distrito 12, Katniss é enviada, e, quando Haymitch é sorteado como o tributo masculino, Peeta se voluntaria para ir em seu lugar. Durante o treinamento, Katniss e Peeta conhecem os antigos vencedores dos Jogos Vorazes, como o galã Finnick Odair do Distrito 4, interpretado pelo inglês Sam Claffin, e a raivosa Johanna Mason (Jena Malone) do Distrito 7.

No início do Massacre, os jogadores são levados a uma arena que é composta por praia e floresta, sendo repleta de campos de força. Em cada hora do dia, os idealizadores atacam os jogadores em partes diferentes, seja por névoa que causa feridas e mata quem a toca ou babuínos.

E assim, Em Chamas mostra a complexidade por trás dos conflitos, apresentando uma trama mais amadurecida, com personagens ainda pouco desenvolvidos, como no caso da mãe de Katniss, que apareceu muito pouco na trama e deveria se mostrar menos alienada. Esteve ainda menos violento que o anterior, mesmo que tenha cenas consideradas mais pesadas para uma trama juvenil, como a cena em que Gale é açoitado em praça pública pelos Pacificadores e a matança durante o Massacre Quaternário.

A trama, ainda, não pareceu dar tanto destaque ao triângulo amoroso formado por Gale, Katniss e Peeta. A protagonista não parece estar dividida entre os dois garotos. É como se apenas ela aproveitasse para tirar uma casquinha dos dois e quase no final do filme, Katniss simplesmente decide ficar com Peeta. Ainda assim, estes demonstraram possuir maior entrosamento e química do que no filme anterior, fazendo com que se tenha a torcida para que o casal de amantes desafortunados fiquem juntos.

Em Chamas ainda abriu espaço para novos conflitos e revelações, como a confirmação da existência do Distrito 13, que tentou se rebelar contra a Capital, onde, aos poucos, irá acarretar uma nova guerra entre a população e o governo nas duas sequências que virão em 2014 e em 2015.


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Crítica | Capitão Philips: Tensão e objetivo

Por Victor Hugo Furtado

Pra quem viu o trailer e não apostou em mais um thriller hollywoodiano, repense, Capitão Philips (2013) superou as expectativas, e não seria pra menos, afinal Tom Hanks sempre é motivo de uma atenção detalhada. 

O cineasta britânico Paul Greengrass, que eu confesso não ser fã, nos obriga a salientar sua inegável capacidade de prender o expectador com sua mania de manter a câmera sempre em movimento para transmitir um maior nervosismo e constante busca pelo realismo das situações, e no final, ele consegue.

Com estrutura semelhante a Voo United 93 (2005), a trama é adaptada de A Captain's Duty, livro escrito pelo Capitão americano Richard Phillips, que em 2009 teve seu cargueiro, o Maersk Alabama, sequestrado por piratas somalis.

Greengrass, ao lado de seu roteirista Billy Ray, se abstém de diálogos por vezes chatos nesse tipo de filme, e já começa na tensão, pois não demoram 20 minutos para que percebamos a agonia do protagonista, que parece adivinhar o pior.

Os diálogos que se estabelecem, cativam o expectador, pois se concentra nos olhares do ápices do filme e da abordagem dos piratas, um verdadeiro duelo entre Phillips e Muse, o “capitão” da emboscada. 

Ali estão os dois líderes de seu grupo, ambos descobrindo a melhor forma de lidar com a situação em que estão envolvidos e, acima de tudo, tentando entender o “adversário”. Nesse sentido, as poucas informações sobre o passado dos personagens funcionam de modo certeiro, repassando essa dúvida também para a plateia.

Os realizadores brincam de jogar xadrez na dinâmica entre Phillips e Muse – ou, mais precisamente, entre Hanks e Abdi – acaba se tornando um dos pontos altos do filme. Capitão Philips é um bom exemplo de como fazer filmes pseudo-biográficos, aqueles que contam somente um capítulo da vida de um sujeito, e com perfeição, diga-se de passagem.

O longa consegue fugir do ideal americano, apresentando aquele velho clichê: “Calma, o Tio Sam vem aí e o bicho vai pegar”, e sim, apresenta os EUA de maneira um tanto quanto crível, coisa que 80% dos filmes produzidos em hollywood não conseguem.

O tais fuzileiros navais, que são conhecidos na terra dos yankees como a classe mais alta de um poderio físico humano, cansa de cometer erros ao longo do filme, e acabam por obter êxito, com o comandante que atende por, pasmem, “Castellano”, se é? Bom, aí não sei.

De fato, Capitão Philips é uma ótima pedida pra quem gosta de filmes objetivos e sem muitos diálogos, divirtam-se!


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Crítica | Thor - O Mundo Sombrio: Ação competente

Por Victor Hugo Furtado

Com boa divisão de núcleos, revisão de proposta e uma cara tragicômica, Thor: O Mundo Sombrio se redime da não tão querida empreitada que levou o personagem lendário da Marvel, criado por Jack Kirby e Stan Lee, para o cinema em 2011.

Com Alan Taylor – diretor do pop Game of Thrones - no comando, a continuação de Thor consegue convencer bem o expectador e agradar uma grande parcela dos fãs das HQ’s, principalmente, em função da boa bifurcação de eixos, - coisa que Homem de Ferro 3 não conseguiu - pois em Thor: O Mundo Sombrio, o grande exagero de alívios cômicos não compromete o enredo, porque se concentra em personagens específicos.



Com tom de família Shakespeariana, é um dos blockbusters com mais cenas de ação interessantes nessa fase dois da Marvel nas telonas, um mundo melhor explorado e que por boa parte de sua duração segue um caminho óbvio, mas vale citar também que de vez em quando o roteiro contraria as expectativas do público, o que chega a ser surpreendente.

É um filme de ação e aventura competente no que se propõe, também no aspecto técnico, que resgata um pouco o ar de filmes de heróis dos anos 80, com luz, fumaça, cores vibrantes e o típico atleticismo eternizado nos filmes de Bruce Lee .

Ah! e claro, pra quem ainda não aprendeu a lição, fique sentado na poltrona até o fim dos créditos. Até o fim mesmo.