segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Crítica | Birdman

por Victor Hugo Furtado

Do inteligente diretor mexicano Alejandro Gonzalez Iñárritu, aquele mesmo que assustava lá no início da década passada com seu Pulp Fiction Mexicano, “Amores Perros”, e que se seguiu com seu clima frio e derrotista em “Babel” e “Biutiful”, mais uma vez nos faz refletir sobre como podemos plantar hoje, para colher no futuro.

A trama se desenrola através do olhar de Riggan Thomson (Michael Keaton) que no passado fez muito sucesso interpretando o Birdman, um super-herói que se tornou um ícone da cultura pop. Porém, desde que se recusou a estrelar o quarto filme com o personagem sua carreira começou a decair. Em busca da fama perdida e também do reconhecimento como ator, ele decide dirigir, roteirizar e estrelar a adaptação de um texto consagrado para a Broadway.

Entretanto, em meio aos ensaios com o elenco formado por Mike Shiner (Edward Norton), Lesley (Naomi Watts) e Laura (Andrea Riseborough), Riggan precisa lidar com seu agente Brandon (Zach Galifianakis) e ainda uma estranha voz que insiste em permanecer em sua mente.

Mesmo com seu clima de fim triste, Birdman é um trabalho diferente, não menos ousado de Iñárritu, mas diferente. Sempre ganhando em roteiro, considerado e já comprovado como seu forte, concentra em uma câmera de plano sequência que se torna viciante do início ao fim, dando a sensação de profundidade e mergulho literário e geográfico do espectador pelas vielas da parte de trás dos palcos da Broadway.

Apesar de todo o clima tenso em todos os momentos, o filme sugere esperança para um homem que busca se reinventar e que sempre há tempo para novas aventuras, heróicas ou humanas. Além de toda a profunda reflexão de passado, presente e futuro de “Birdman”, Iñárritu tempera essa ótima história com a canibal relação da crítica e os envolvidos na produção teatral da Broadway, que como retratada no longa, é de longe, mais devoradora que a do cinema.

Birdman é gostoso de se ver, e inteligente de se pensar. Vale muito a pena pra quem quer conferir algo mais intenso e, sem dúvida, digno de suas indicações em 2015. Os outros trabalhos do que por vezes é esquecido pelo público, Alejandro Gonzalez Iñárritu, também valem sua atenção.